Famosa paçoquinha gaúcha ganha embalagem para cegos

Marca gaúcha levou o sistema de leitura para deficientes visuais para produtos

Por Patrícia Comunello

Mariana e Winckler mostram caixinhas da paçoca com o sistema de leitura vendidas no Espaço Brasco
O Brasil tinha, em 2010, mais de 6 milhões de pessoas com alguma deficiência visual. O Censo de 2022 vai atualizar o dado, o que vai apenas reforçar ainda mais, independentemente do aumento ou não da estatística, a convicção de uma jovem que lidera uma iniciativa que uniu inclusão e varejo. Por isso, tinha de estar aqui na coluna!
Mariana Guimarães, da família dona de uma das marcas mais populares das famosas paçoquinhas de amendoim, levou para a gôndola de mercados produtos com embalagem que apresentam informações no sistema Braille, usado para comunicação e compreensão por quem tem limitação visual ou é cego.
"A gente quer transformar a experiência de compra destes consumidores", avisa Mariana, que detalha o projeto e ainda provoca. "Queremos que mais marcas e varejos se engajem na ideia", propõe ela. A ideia começou em janeiro, com um piloto em um dos produtos, mas já vai ser escalável.
"O Braille está nas embalagens da Paçokinha e agora vai chegar a dois carros chefes de vendas: nas paçocas e no pé-de-moleque", adianta a líder do projeto. Para colocar a ideia em prática, a diretora da Guimarães conectou três pontas.
Conseguiu ajuda e consultoria da Associação dos Cegos do RS (Acergs) para traduzir ao sistema acessível informações do nome do produto, marca e contato da empresa, quantidade e peso.
"As pessoas ficam limitadas quando vão ao supermercado. Dependemos de alguém que nos ajude", descreve o presidente da Acergs, Glailton Winckler.
"O Braille nas embalagens nos dá maior poder de escolha e autonomia na hora da compra. Nos dá mais poder de consumo", ressalta Winckler.
O segundo parceiro foi a gráfica que imprime a embalagem e que conseguiu executar o novo layout. Para fechar o círculo, Mariana levou o primeiro lote da Paçokinha inclusiva para as gôndolas do Mercado e Espaço Brasco, em Porto Alegre.
Um dos sócios da rede, Arthur Bolacell, comenta sobre a repercussão, principalmente entre quem não tem limitações.
"A ação com a Guimarães é um empurrão para que grandes marcas comecem a olhar para estas pessoas que estão no dia a dia das operações. Acredito que isso pode acontecer", aposta Bolacell.