Google tira do ar jogo que simula escravidão e castigo a pessoas negras

O aplicativo desenvolvido pela Magnus Games estava disponível na Play Store

Por JC

(FILES) This file photo taken on September 3, 2019 shows the US multinational technology and Internet-related services company Google logo displayed on a tablet screen in Lille, northern France. - Google threatened on January 22, 2021 to block Australian users from accessing its search service unless the government changed proposed legislation to make the internet giant pay news outlets for their content. (Photo by DENIS CHARLET / AFP)
O Google tirou do ar, na tarde desta quarta-feira (24), o jogo chamado "Simulador de Escravidão", que estava disponível na Play Store. O aplicativo produzido pela Magnus Games permite com que pessoas negras sejam castigadas e torturadas. O simulador gerou revolta nas redes sociais e pedidos de punição aos responsáveis.
Até a manhã desta quarta, o aplicativo havia sido baixado mais de 1 mil vezes e possuía cerca de 70 comentários racistas de usuários do serviço. Entre eles, um perfil identificado como "Mateus Schizophrenic" sugere que sejam criadas funcionalidades que permitam novos métodos de tortura. "Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava [sic] mais opções de tortura. Poderiam estalar [sic] a opção de açoitar o escravo também. Fora isso, o jogo é perfeito!", escreveu o usuário.
 
O simulador possuía mais de mil downloads até a manhã desta quarta-feira (24). Foto: Play Store/Divulgação/JC
A proposta do jogo é o usuário simular ser um proprietário de escravos. Há duas modalidades de jogo: tirana ou libertadora. Na primeira, a proposta é lucrar e impedir fuga e rebeliões de escravos. Na segunda, o usuário deve lutar pela liberdade e abolição.
O jogo foi atualizado na Play Store no dia 20 de abril deste ano. A produtora Magnus Games, do ucraniano Andrej Kardashov, adicionou na plataforma o comentário de que o "jogo foi criado para fins de entretenimento" e que condena a escravidão no mundo real.
O caso gerou revolta nas redes sociais. A deputada estadual gaúcha Laura Sito (PT) publicou que entrou com denúncia no Ministério Público e que o jogo "naturaliza o trabalho escravo".
Já a deputada federal Maria do Rosário (PT), que foi ministra de Direitos Humanos durante o governo de Dilma Rousseff, disse que "isso está longe de ser um jogo, é um veículo de práticas racistas e incentivo ao preconceito" e pede que os responsáveis sejam responsabilizados.