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Clássico de Milton Friedman sobre capitalismo e liberdade
Milton Friedman (1912-2006), Nobel de Economia de 1976, principal fundador da Escola de Chicago, professor e escritor, foi considerado pela Fortune "o economista do século" e aclamado pela mídia, academias e cidadãos como um dos pensadores econômicos mais importantes do mundo depois da Segunda Guerra Mundial.
Capitalismo e Liberdade (Intrínseca, 320 páginas, R$ 69,90, tradução de Ligia Figueiras), um clássico sobre liberdades, foi lançado em 1962 e a edição original vendeu quase um milhão de exemplares, foi traduzida para dezenove idiomas e segue referência para autoridades políticas e econômicas mundiais.
Esta nova edição, depois de anos fora de catálogo, chega com os prefácios de Friedman para as reedições de 1982 e 2002 e com interessante apresentação de Binyamin Applebaum, principal redator de economia do conselho editorial do The New York Times. Friedman foi consultor dos presidentes Nixon, Ford e Reagan, e Margaret Thatcher seguia seus ensinamentos.
Friedman defende que a liberdade econômica é condição essencial para a liberdade política e fez percucientes análises sobre o capitalismo competitivo. Ele investigou padrões de consumo, a história e a teoria monetária e a complexidade das políticas de estabilização. Suas ideias contribuem para a formulação de políticas públicas em governos de todo o mundo.
Em síntese, Friedman trabalhou com as seguintes questões: Como podemos nos beneficiar das promessas do governo e, ao mesmo tempo, evitar a ameaça que um Estado forte representa para a liberdade individual? Qual o papel do governo em uma sociedade livre, que depende principalmente do mercado para organizar a atividade econômica?
Evidentemente, nossos tempos apresentam cores consideravelmente diferentes daquelas da segunda metade do século XX, e nem todas as ideias de Friedman (que foram muitas) funcionaram, o que é absolutamente normal. Seja como for, o legado de Friedman merece estudos e aplicações práticas e, claro, democráticas discordâncias.
Lançamentos
- F.A.C.A.S – Contos Escolhidos (Ardotempo, 112 páginas) tem contos de Ana Helena Rilho, Alfredo Aquino, Cleonice Bourscheid, Cristina Macedo, Monique Revillion, Nelson Porto, Paulo Rosa, Remo Inghilesi, Sylvia Centeno e outros e fotografias de Élis Vasconcellos e tiveram por inspiração contos de Jorge Luis Borges e Aldyr Garcia Schlee.
- García Lorca – Antologia Poética ( L&PM Editores, 208 páginas, R$ 32,90) traz poemas da mais importante voz poética da Espanha moderna. Poesias da juventude, versos inéditos e obras da maturidade, como Romanceiro gitano estão na obra, que faz parte da coleção Clássicos Modernos.
- O diário de Anne Frank (Faro Editorial, 224 páginas, R$ 59,90) é um dos diários mais importantes do mundo e uma das obras mais lidas sobre a perseguição aos judeus. No aniversário de 13 anos Anne ganhou um diário e nele escreveu durante dois anos, antes de ser morta num campo de concentração. Otto,seu pai, único sobrevivente da família, recebeu o diário e ficou impressionado.
Bancos
Há uns vinte anos atrás eu estava passeando no centro de Canela num dia frio, ventoso e chuvoso de inverno e aí, precisando ir ao banheiro, resolvi entrar na agência da Caixa Econômica Federal. Lá claro que não chovia e não ventava e o diligente ar condicionado gerava um clima aconchegante. Depois do banheiro que estava em ótimo estado, sentei no confortável sofá da recepção.
Na mesinha em frente ao sofá tinha chimarrão, chá, café, água e, se não me engano, biscoitos amanteigados e salgadinhos. Se não tinha, fica tendo na memória inventada. Os jornais de Canela e Gramado estavam ao lado dos principais periódicos de Porto Alegre, bem dispostos e organizados sobre a mesa. Sem a menor pressa e com aquela infra toda, me deixei ficar por ali, aproveitando o acolhimento.
Depois de algum tempo o gerente viu aquele senhor sentado no sofá, chegou perto, pediu licença para me interromper e perguntou se poderia ser útil em alguma coisa. Cumprimentei gentilmente o funcionário, disse que eu era visitante, agradeci pelas gentilezas e expliquei que estava tudo bem. Ele me convidou para sentar em frente à mesa dele e pediu um cafezinho novo para a senhora uniformizada e bem penteada que estava perfilada por ali.
Expliquei para o simpático gerente que tinha conta na Caixa Federal, há muitos anos, em Porto Alegre, onde recebia meus vencimentos e que a mordomia ali em Canela era melhor do que na capital. Quase abri um conta ali, para aproveitar dos serviços, financiamentos, etc., mas não era bem o caso. O gerente e eu estávamos com tempo, chovia lá fora e ficamos conversando sobre tudo e nada, política, futebol, turismo na Serra e outros muitas coisas que nem lembro mais.
Dificilmente a cena toda se repetiria num banco atualmente,com poucos espaços e funcionários e muitas máquinas e autosserviços. Por economia, medo de assaltos e outras coisas mais,os bancos não fazem muita questão de visitas presenciais dos clientes. Os bancos querem que a agência bancária seja o teu telefone ou o computador da tua casa ou do teu escritório. Uma vez a Luciana, do Citibank na frente do edifício que eu morava, perguntou porque eu não resolvia tudo pelo computador. Sem segundas intenções, com todo o respeito, eu disse que preferia ir lá em pessoa porque aí a encontrava.
Os bancos brasileiros já empregaram mais e o atendimento já foi mais calmo e personalizado . Tudo bem, os tempos mudaram, a velocidade da vida e dos negócios se acelerou e a tecnologia colocou os clientes a trabalharem para os bancos. Restam agências e funcionários e os velhinhos, muitos meio analfabites, contam com ajuda, se tiverem paciência e tempo. Nem tudo está perdido, a não ser as visitas tipo a da Caixa Federal de Canela.
Bom, você não precisa mais ir de terno e gravata ou vestido social para falar com o gerente, especialmente para pedir empréstimo. De pijama, na sua casa, no computador, você pode empinar papagaios, como eram chamados os empréstimos bancários no tempo em que gerentes eram da mesma hierarquia que o prefeito, o padre, o juiz, o promotor e os políticos importantes das cidades.
Na mesinha em frente ao sofá tinha chimarrão, chá, café, água e, se não me engano, biscoitos amanteigados e salgadinhos. Se não tinha, fica tendo na memória inventada. Os jornais de Canela e Gramado estavam ao lado dos principais periódicos de Porto Alegre, bem dispostos e organizados sobre a mesa. Sem a menor pressa e com aquela infra toda, me deixei ficar por ali, aproveitando o acolhimento.
Depois de algum tempo o gerente viu aquele senhor sentado no sofá, chegou perto, pediu licença para me interromper e perguntou se poderia ser útil em alguma coisa. Cumprimentei gentilmente o funcionário, disse que eu era visitante, agradeci pelas gentilezas e expliquei que estava tudo bem. Ele me convidou para sentar em frente à mesa dele e pediu um cafezinho novo para a senhora uniformizada e bem penteada que estava perfilada por ali.
Expliquei para o simpático gerente que tinha conta na Caixa Federal, há muitos anos, em Porto Alegre, onde recebia meus vencimentos e que a mordomia ali em Canela era melhor do que na capital. Quase abri um conta ali, para aproveitar dos serviços, financiamentos, etc., mas não era bem o caso. O gerente e eu estávamos com tempo, chovia lá fora e ficamos conversando sobre tudo e nada, política, futebol, turismo na Serra e outros muitas coisas que nem lembro mais.
Dificilmente a cena toda se repetiria num banco atualmente,com poucos espaços e funcionários e muitas máquinas e autosserviços. Por economia, medo de assaltos e outras coisas mais,os bancos não fazem muita questão de visitas presenciais dos clientes. Os bancos querem que a agência bancária seja o teu telefone ou o computador da tua casa ou do teu escritório. Uma vez a Luciana, do Citibank na frente do edifício que eu morava, perguntou porque eu não resolvia tudo pelo computador. Sem segundas intenções, com todo o respeito, eu disse que preferia ir lá em pessoa porque aí a encontrava.
Os bancos brasileiros já empregaram mais e o atendimento já foi mais calmo e personalizado . Tudo bem, os tempos mudaram, a velocidade da vida e dos negócios se acelerou e a tecnologia colocou os clientes a trabalharem para os bancos. Restam agências e funcionários e os velhinhos, muitos meio analfabites, contam com ajuda, se tiverem paciência e tempo. Nem tudo está perdido, a não ser as visitas tipo a da Caixa Federal de Canela.
Bom, você não precisa mais ir de terno e gravata ou vestido social para falar com o gerente, especialmente para pedir empréstimo. De pijama, na sua casa, no computador, você pode empinar papagaios, como eram chamados os empréstimos bancários no tempo em que gerentes eram da mesma hierarquia que o prefeito, o padre, o juiz, o promotor e os políticos importantes das cidades.
A propósito
Acho que o ideal no Brasil, onde três bancos privados e dois públicos predominam, seria mais democratização no sistema bancário. Uma corretora pequena, que depois cresceu, quis fazer “desbancarização”, atender melhor os clientes e hoje ela parece um banco. Democratização no sistema bancário brasileiro é tipo um sonho de uma noite de verão, mas o sonho ainda é livre. Resta ir ao banco com calma, paciência e trocar gentilezas com os funcionários, quando não é caso do atendimento ser obrigatoriamente pelo aplicativo ou autosserviço. Ainda bem qu a gente ainda consegue pagar pelos serviços bancários e não precisa colocar o dinheiro no colchão. Será que no colchão é mais barato e seguro? Cartas para a redação.