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Recordações e histórias de Bocelli sobre o rei dos tenores
Luciano Pavarotti foi, sem dúvida, o maior tenor de todos os tempos, o rei dos tenores, com seu timbre suave mas firme. Sua voz foi bem descrita como “uma romã recém-cortada, que parece sangue e tem sabor de açúcar”. Do Scala de Milão ao Metropolitan de Nova Iorque, Pavarotti encantou plateias de todo o mundo, popularizou a ópera no planeta desde o início dos anos 1960 até falecer, em 2007, aos 71 anos. Luciano Pavarotti - Um mestre para todos, lançado há poucos dias pela Bertrand Brasil, em suas 160 páginas traz sublimes depoimentos de Andrea Bocelli, um dos tenores mais amados do mundo, sobre seu mestre e amigo “Big Luciano”. Bocelli foi apontado como o herdeiro do mestre, mas ele, com humildade, sabe que o vazio deixado pelo tenor é difícil de ser preenchido. O delicado álbum de recordações e de histórias traz textos elaborados a partir de depoimentos de Bocelli ao jornalista Giorgio De Martino e narra a vida de um homem atencioso e irônico, enamorado dos Estados Unidos e das mulheres, apaixonado por pintura, por cavalos e pela boa mesa. Os relatos são entremeados com os relatos da própria biografia de Bocelli e cujo CD Arie Sacre é o mais vendido álbum clássico já gravado por um artista solo. Os aspectos mais íntimos e desconhecidos do profundo vínculo de amizade entre os tenores são revelados. Facetas menos conhecidas de Pavarotti, como sua constante solidariedade aos necessitados, o casamento feliz com Nicoletta Mantovani e o nascimento de Alice são descritos com emoção por Bocelli, que igualmente fala de curiosidades do meio musical e de encontros com personalidades. Um dos pontos altos da narrativa é a história da amizade dos dois, que começou de modo tímido e solidificou-se ao longo dos anos. Claro que partes gostosas do livro são sobre comida, culinária e uma receita de javali ensopado “à caçadora”, que está na página 82, para uso e deleite dos leitores. O lado pop de Big Luciano e suas ligações com Bono, do U2 , Elton John e Laura Pausini não poderiam ficar de fora. A simples menção do nome de Pavarotti comove Bocelli até hoje. Andrea Bocelli fala de seus percursos pelo mundo e mostra bem o que Pavarotti representou para ele e como influenciou sua carreira brilhante. Nas 50 páginas finais do volume, um rico apêndice com textos de óperas célebres, como Rigoletto, Il Trovatore e Aída, é oferecido aos leitores.
Lançamentos
- Restos humanos, de Elizabeth Haynes, narra as peripécias da policial Annabel, que vive só. Ela descobre um corpo de mulher na casa ao lado. Ninguém notou. Ela fica com medo. Investiga e descobre que, nos últimos nove meses, 24 corpos de pessoas foram encontrados em decomposição. Intrínseca, 320 páginas.
- O estalo, do jornalista e escritor gaúcho Luiz Dill, autor de 30 livros, narra o soterramento de dois jovens, Julia e Rui, feito vítimas do terremoto do Haiti ou acidente na mina do Chile. Enquanto esperam socorro, conversam e se conhecem. Editora Positivo, 102 páginas.
- O fogo - 3º livro da série Bruxos e Bruxas, de James Patterson e Jill Dembowski, narra como Whit e Wisty Allgood sacrificaram tudo para liderar a Resistência contra o regime sanguinário que governa o mundo e que acabou com a música, a arte, os livros e a imaginação. Novo Conceito, 272 páginas.
- A perfeita ordem das coisas, romance de David Gilmour, autor do best-seller O Clube do Filme, mostra os caminhos de um escritor de 60 anos que decide revisitar os lugares do passado que o fizeram sofrer. Paris, Toronto e uma cidadezinha na Jamaica aparecem. Jardim dos Livros, 168 páginas.
E palavras...
Armindo Trevisan e a construção da Europa
Aos 80 anos, nosso querido, incansável, competente e multimídia Armindo Trevisan, professor universitário, poeta, escritor, tradutor, conferencista e ensaísta, lança mais uma obra, que se destaca entre as muitas de poesia, ensaio e história que já nos ofereceu. Uma viagem através da Idade Média: o que a Europa deve à Idade Média (Editora AGE, 296 páginas, R$ 58,00, prefácio do autor) a ser autografado dia 28 de julho, na Livraria Cultura do Bourbon Country, a partir das 17h30min, traz, antes e acima de tudo, uma visão panorâmica, nada ideológica, sobre a compreensão da formação da Europa a partir do grande legado religioso, cultural e tecnológico da Idade Média à civilização ocidental. Profundo conhecedor de história e de história da arte, o autor, para que os leitores não necessitem enfrentar uma bibliografia interminável e até certo ponto inacessível, tomou para si a tarefa de selecionar as obras especializadas, sistematizá-las e inspirar a todos a buscar e ler outras obras sobre o tema que, como se sabe, é amplo, polêmico e instigante. É tarefa árdua, longa, hercúlea e que poucos têm a coragem e a capacidade de enfrentar. Em nove capítulos, o autor aborda, com linguagem acessível e didática e acompanhamento de ilustrações, as raízes medievais da Europa, as invasões bárbaras, o surgimento dos monges e sua difusão no Ocidente, o feudalismo, a verdadeira “Idade das Trevas”, as Cruzadas, as inovações tecnológicas da Idade Média, origens e consolidação da língua portuguesa e a criação da polifonia. Quer dizer, a par da sistematização que fez sobre o tema, o autor convida os leitores a ir adiante, incentivando-os a novas leituras, pesquisas e reflexões. É muito. O volume é fartamente ilustrado, e, ao final, apresenta índice remissivo e lista das fontes das ilustrações e bibliografia composta de aproximadamente 200 títulos, entre nacionais e estrangeiros. Obra de fôlego, que requereu muitas leituras e pesquisas, certamente será referência para todos quantos pretendam saber sobre esse interessante período histórico e será instrumento para futuros estudos, acadêmicos ou não. As polêmicas sobre a Idade Média seguem e o período influenciou não só a Europa, mas o mundo. A obra é mais um ato de generosidade do professor Armindo, mestre que tanto já ofereceu, oferece e oferecerá a seus alunos e leitores.
E versos
Poética (I)
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
-Meu tempo é quando.
Vinicius de Moraes em Vinicius de Moraes, Poesia Completa e Prosa, Nova Aguilar.