Anatomia do poder no Brasil

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O livro-reportagem Operação banqueiro, de Rubens Valente, um dos maiores jornalistas investigativos do Brasil e detentor de muitos prêmios importantes, como o Esso, foi lançado em fins de 2013 e, já em janeiro deste ano, teve sua primeira reimpressão. Rubens Valente tem 44 anos, é repórter desde 1989, atualmente escreve na Folha de S. Paulo e seu trabalho, de alentadas 462 páginas, é o volume dez da Coleção História Agora, da Geração Editorial. O texto trata, principalmente, da polêmica Operação Satiagraha, desencadeada pela Polícia Federal em 2008 e que, dentre outras consequências, redundou na prisão do poderoso banqueiro Daniel Dantas (Banco Opportunity), logo depois libertado por ordem do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Mendes, aliás, está processando judicialmente o autor do livro e a editora por alegados danos morais, em vista de trechos que o envolvem. A obra de Valente tomou por base, especialmente, 62 mil arquivos digitais, mas não se limitou a compilar e organizar documentos, a maioria públicos. Valente examina os principais fatos da investigação e traz à tona segredos que ajudam a explicar o desfecho surpreendente da operação policial. O jornalista Mário Magalhães, em seu blog, escreve que o livro de Valente nasceu clássico para o entendimento de questões de anatomia do poder no Brasil e o coloca ao lado de obras como o fundamental trabalho Os donos do poder, de Raymundo Faoro. O delegado Protógenes, que prendeu Daniel Dantas, foi afastado da investigação e hoje é deputado federal. O juiz federal Fausto De Sanctis, que ordenou a prisão do banqueiro, hoje atua como desembargador no Tribunal Regional Federal, mas em área sem relação com crimes financeiros. O caso atualmente encontra-se no Superior Tribunal de Justiça, que ordenou a anulação de todas as provas coletadas pela polícia e uma decisão final aguarda nova avaliação do Supremo Tribunal Federal, sem data marcada para ocorrer. Enfim, é uma história que, como se sabe, ainda não chegou a seu final, mas, nesta obra, que tem tom de thriller policial, os leitores podem ter valiosas informações sobre acontecimentos e personalidades da vida pública brasileira. Na apresentação, o editor Luiz Fernando Emediato escreveu que a Geração Editorial cumpre mais uma vez seu papel de apoiar as liberdades de informação e de expressão e de abordar temas da atualidade.

Lançamentos

  • O trem dos órfãos, da romancista norte-americana Christina Baker Kline, narra o insólito encontro da órfã Molly, 17 anos, com Vivian, solitária de 91. Molly vai ajudá-la a organizar suas lembranças e posses. As duas, no fundo, são parecidas. Editora Planeta, 304 páginas.
  • Quem, eu? Uma avó, um neto e uma lição de vida, de Fernando Aguzzoli, conta como ele deixou empresa, carreira e estudos para conviver com a avó Nilva, portadora de Alzheimer. Com afeto, gratidão e humor, ele conta como ela o ensinou a viver, entre risadas e sofrimentos. Belas Letras, www.belasletras.com.br
  • Outono de 68, romance do jornalista e escritor gaúcho Marco Vieira, passeia pela utopia e pelos sonhos de jovens de 1968 em Porto Alegre. Tipo 1968 o ano que não terminou, mais do que uma data, um instante, como escreveu Juremir Machado da Silva na introdução. Sulina, 120 páginas.
  • Os rebeldes – Geração Beat e anarquismo místico, do consagrado jornalista Claudio Willer, conta a história do movimento beat e de seus trepidantes personagens, como Kerouac, Allen Ginsgberg e Ferlinghetti, e fala de espiritualidade, misticismo e filosofia de vida. L&PM, 200 páginas.

Carlos Drummond de Andrade, 24.06.1978, Poesia e Prosa, Nov Aguilar, 1992
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