O primeiro romance sobre a islamização da França

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O romance Os fanáticos, que acaba de ser lançado entre nós, o consagrado político, jornalista e escritor Max Gallo, autor das famosas séries Os patriotas e Os cristãos, trata de um tema fundamental para a França e para o mundo: a islamização. A narrativa de Gallo, que já foi secretário de Estado e porta-voz do governo Miterrand e deputado do Parlamento europeu, é a primeira que trata especificamente da islamização da França. A obra está sendo considerada um grito de alerta de um escritor apaixonado por seu país. Gallo mostra as manipulações políticas e as forças psicológicas pelas quais os islamistas conseguem tecer sua teia e estabelecer as alianças no seio da sociedade francesa.
A protagonista da história, Claire, tornou-se Aisha, casando e convertendo-se ao Islã. O pai, Julien Nori, é professor da Sorbonne e encarou essa decisão como um fracasso pessoal. Homem do iluminismo do Século das Luzes, temia a volta das inquisições, do fanatismo. Ele duvida do choque de civilizações e a escolha de sua filha simplesmente o transtorna. Quer conversar com a filha Claire, mas encontra apenas a islâmica Aisha. Num dia de outubro, o professor é assassinado em Paris, a poucos metros da Sorbonne. Teria sido apenas mais um sórdido caso policial, disfarçado de crime islâmico, ou a vingança de algum fanático? O romance investiga todas as possibilidades e desvenda as razões de cada um para viver e para morrer. A narrativa em forma de thriller diz mais do que ensaístas ou historiadores sobre o explosivo tema da islamização de uma pátria que está se vendo seduzida crescentemente pelos dogmas de uma religião que exige engajamento total e oferece um sentimento de integração que as pessoas não encontram mais na sociedade ocidental. A obra traz personagens históricos como Hassan al-Banna, o fundador dos Irmãos Muçulmanos, Sayyid Qutb, ideólogo egípcio, e Youssouf Qaradawi, o pregador influente que reconheceu as fat-was, autorizando os atentados suicidas contra os civis israelenses. O conceituado jornal Le Figaro referiu que o romance une as preocupações do ensaísta às do historiador e que Os fanáticos apresenta um tema em ebulição - o crescimento de um islã extremista por trás de uma aparente respeitabilidade, numa narrativa ágil. Mais não é preciso dizer. Bertrand Brasil, 256 páginas, R$ 36,00, tradução de Jorge Bastos, mdireto@record.com.br.

e palavras...

A Rua da Praia vive
O jornalista e escritor Carlos Reverbel dizia que a Rua da Praia estava enterrada no livro do Nilo Ruschel, Rua da Praia, que foi reeditado faz pouco pelo IEL e Editora da Cidade. Iberê Camargo disse que a Rua da Praia revelava o achinelamento nacional. Frases de efeito, exageradas, datadas, que a gente lembra e cita  para assuntar e discordar, ainda bem. No livro de Ruschel está um dos melhores registros de nossa rua principal. O livro e a rua seguem desenterrados. Quanto ao achinelamento falado pelo Iberê, as coisas melhoraram e não podemos discriminar ou menosprezar a Andradas por ter se tornado mais popular e acessível em matéria de comércio, serviços, aluguéis etc. Lembro dessas coisas no momento em que, com muita alegria, leio o livro Rua da Praia - Um passeio no tempo, com textos de Rafael Guimaraens, fotos de Marco Nedeff e ilustrações de Edgar Vasques. A obra já nasce referencial. Os textos, as fotos e as ilustrações cobrem fatos, pessoas e cenários desde meados do século XVIII até nossos dias. Os capítulos foram estruturados por ordem de endereço. Os fatos, personagens e prédios históricos mostram diferentes épocas, e o traçado da Rua da Praia, como convém, funciona como uma linha do tempo desordenada. Com essa forma adequada, a narrativa tem movimento, agilidade e os leitores vão gostar de sentir o passado e o presente muitas vezes em prédios vizinhos. Hoje a Padre Chagas ou a Nilo Peçanha podem até ter mais charme, grana e modernidade, mas a Rua da Praia seguirá como a nossa principal, mais histórica e importante via. Projetos como o novo centro Caixa Cultural, onde funcionou o cine Imperial e onde funcionarão instituições culturais da cidade e outras ações de revitalização na Rua da Praia e no Centro Histórico, mostram que não queremos que o coração da cidade pare de bater. O projeto do novo cais e outros devem agitar o Centro. Rua da Praia - um passeio no tempo, editado pela Libretos (www.libretos.com.br) com patrocínio da Caixa Econômica Federal, além de nos proporcionar uma viagem fascinante pelos tempos passados e atuais, é um convite para cuidarmos da esquina democrática e de outros locais onde vivem nossas memórias e nossos desejos  futuros. A Rua da Praia é berço, chão, mar e céu infinito de nosso lembrar. Não podemos deixar que se torne apenas túmulo silencioso de nosso passado. Viva o livro e a Rua da Praia! Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu!

Lançamentos

•  Bailarina sem breu traz crônicas da jornalista Mariana Bertolucci ilustradas por Ana Maldonado. Com apresentações elogiosas de Luiz Antônio de Assis Brasil, Cláudia Tajes e Lya Luft, os textos tratam com graça, elegância e inteligência de temas e pessoas do cotidiano, como Michael Jackson, o Dr. Chem, o crack e as traições femininas. 88 páginas, Libretos, www.libretos.com.br.
•  Sally e o tigre no poço é o terceiro livro da nova série de Philip Pullman. Suspense arrebatador num panorama amplo*  das classes sociais mais baixas em Londres nos tempos vitorianos, tem heróis, vilões, mistério e muito mais. Objetiva, 414 páginas, R$ 49,90, www.objetiva.com.br.
•  O efeito sombra – encontre o poder escondido na sua verdade, de Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson, auxilia a todos a descobrir a parte misteriosa escondida nas profundezas de nossas consciências e a utilizar sua força para criar, brilhar e ser feliz. Lua de Papel, 256 páginas, www.leya.com.
•  Logicomix - uma jornada épica em busca da verdade, de Apóstolos Doxiadis e Christos H. Papadimitriou com arte de Alecos Papadatos e Annie Du Donna, é uma inovadora história em quadrinhos em cores, com base na vida de Bertrand Russel e sua apaixonada busca pela verdade. WMF Martins Fontes, 348 páginas, www.wmfmartinsfontes.com.br.

e versos

Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P´ra saber que estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa em Seu amor é melhor que nem petit gâteau, Editora Hagnos, www.hagnos.com.br