Incontrolável

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Faltavam uns 15 minutos para terminar o jogo e 72% dele haviam sido de posse de bola do Barcelona. O Santos tentava, no começo do segundo tempo conseguiu marcar ferrenhamente os adversários, mas aí aparecia a habilidade e a categoria de cada um, livrando-se incrivelmente do cerco santista. E o mais importante: no momento de decidir, o Barça decidia. Do mesmo jeito que, vez ou outra, Neymar surgia à frente do goleiro, Messi e seus companheiros apareciam na cara do gol. Com uma abissal diferença: concluíam com perfeição.
Messi, mas não só ele
Em momento algum foi um duelo entre Messi e Neymar, mas entre Messi, mais uma dezena de craques ou grandes jogadores, contra o bom time do Santos. É desigual encarar o Barça. Há outros times fortes na Europa, mas esse elenco - sim, não são apenas os 11 que começam - é diferenciado, acima de qualquer adversário. Até mesmo uma seleção de algum poderoso país, exaustivamente treinada, não venceria o Barcelona. Pura e simplesmente porque este já é uma seleção, reúne craques de todo o mundo, é um clube organizadíssimo e tem um excepcional treinador.
Quando o Santos era o Barça
Milton Leite, que para mim é ótimo, deu uma leve rateada domingo no SporTV: ao citar o retrospecto entre Barcelona e Santos, referiu "um 4 a 1 em 1974" - só esqueceu de dizer quem ganhou. Foi o Barça, que depois do jogo de domingo acumula quatro vitórias, um empate e uma derrota. Nesta, Pelé estava no Camp Nou e o placar foi de 5 a 1, em 1959, na primeira vez em que se enfrentaram. Dois gols do Rei, dois do gaúcho Dorval e um de Coutinho. Na época, ganhar desse time era uma façanha: o Corinthians, por exemplo, passou 11 anos sem conseguir sequer uma vitória no Paulistão. Pelé não deixava. Em 6 de março de 1968, um gol de Paulo Borges e outro de Flávio Minuano acabaram com o tabu.
O Mundial mais difícil
Sim, houve colorados que secaram o Santos. E também corintianos, orgulhosos do primeiro título mundial homologado pela Fifa, conquistado no Rio em 2000 -"o maior de todos", na avaliação do jornalista Armando Burd. Na minha lembrança, foi mesmo o mais difícil: não era apenas um jogo entre dois grandes clubes, como agora. Estavam lá Real Madrid, Manchester United, Vasco (campeão da Libertadores), Corinthians (bicampeão do Brasil, sede do evento), mais Necaxa, South Melbourne, Al Nassr e Raja Casablanca, cada um deles campeão em sua confederação. O Vasco tinha em seu ataque Edmundo e Romário, ambos no auge, mais Juninho, Viola, Ramon, Donizete, Hélton, o grande Mauro Galvão e o lateral Gilberto. O Corinthians era uma seleção e por isso levou o título.
Pitacos
A chegada de Marcelo Moreno dá a dimensão da proposta de time que o Grêmio formula para seu último ano no Olímpico. Depois, imagino que será ainda mais ambiciosa. *** Mensagens de leitores, elogiando ou criticando, são sempre prazerosas, às vezes mais: Jorge Luiz Lago, que lembra ter sido entregador do JC na década de 1960, faz questão de registrar que concorda com as opiniões do colunista. *** Balzaretti é jogador do Palermo, certo. Mas no século passado não jogou alguém com nome igual no Aimoré ou no Juventude? Ajudem, pelo e-mail da coluna.