O professor

Por Hélio Nascimento

Alexander Payne inicia seu novo filme, Os rejeitados, com o coral de um colégio, em um ensaio, antes da apresentação durante a cerimônia de encerramento do ano de 1970. Esta abertura coloca em cena um grupo de alunos que, seguindo a orientação de um maestro, aprimora a peça a ser cantada durante o evento. Trata-se de um resumo que depois, durante o desenrolar da ação, será devidamente ampliado. Um maestro, um grupo de cantores ou de instrumentistas, os primeiros executando suas tarefas e o outro fornecendo orientação e mesmo inspiração, formam um símbolo poderoso de harmonia e organização, um exemplo perfeito de um mundo regido pela perfeição. Estamos diante, nesta cena inicial, de um quadro no qual reinam o equilíbrio e a disciplina. O que vem a seguir é o relato destinado a colocar na tela o processo destinado a expandir por toda a sociedade a perfeição vista e ouvida durante o prólogo. A figura do orientador e disciplinador inúmeras vezes apareceu no cinema, principalmente na figura de um professor, ao mesmo tempo portador da cultura e das exigências ditadas pela civilização. São vários os filmes, alguns hoje clássicos, como Sementes de violência, realizado por Richard Brooks em 1955, e A sociedade dos poetas mortos, que Peter Weir realizou em 1989. E mesmo Os rejeitados tem como fonte de inspiração Merlusse, dirigido por Marcel Pagnol em 1935, que narra o relacionamento de um professor severo e portador de uma deficiência com alunos com os quais vive em conflito.

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