Retrato de um regente

Por Hélio Nascimento

O Maestro, de Bradley Cooper
No seu segundo longa-metragem como diretor, Bradley Cooper se revela um cineasta de méritos incontestáveis. Em primeiro lugar pela ousadia em levar à tela trechos importantes da vida de Leonard Bernstein, o primeiro maestro norte-americano a reger orquestras europeias. Foi ele, ao reger a Filarmônica de Viena numa integral das sinfonias de Gustav Mahler (1860-1911), que contribuiu de forma decisiva para o interesse mundial pela obra daquele compositor. Bernstein foi um maestro que se transformou num condutor que não se limitou a usar os braços e a batuta para orientar uma orquestra. Colocou a emoção a serviço da compreensão da obra a ser interpretada. Como era esperado, Cooper e seu roteirista Josh Singer deram destaque à interpretação de Bernstein da Segunda Sinfonia de Mahler, conhecida como Ressurreição. A parte final de tal obra pode ser vista e ouvida no Youtube sob a regência de Bernstein, numa interpretação emocionante, à frente da Sinfônica de Londres e o coro do Festival de Edinburg, numa gravação realizada em 1974, na catedral de Ely, Inglaterra. É a partir deste trecho que Cooper procura recriar no pódio a figura de Bernstein, tarefa impossível, é claro, mas exercida com esforço e respeito, depois das orientações do maestro canadense Yannick Nézet Séguin, que foi um dos integrantes da realização reunidos pela produtora, que contou também com a participação de Steven Spielberg e Martin Scorsese, que seriam os diretores, pensaram em Cooper para o papel principal e terminaram cedendo o posto para o cineasta da quarta versão de Nasce uma estrela, interpretada por Lady Gaga, o primeiro filme do novo realizador.

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