O saber e o mundo

Por Hélio Nascimento

Puan, de María Alché e Benjamín Naishtat
O cinema argentino, que nos últimos anos vem se impondo como uma cinematografia merecedora de toda a atenção, se considerarmos os títulos aqui exibidos, sem esquecer os prêmios de melhor filme internacional a ele atribuídos pela Academia de Hollywood, e que no mercado também se impôs, entre outros fatores, pela presença de um ator como Ricardo Darín, tem neste Puan, apelido pelo qual é tratada uma instituição universitária, um bom exemplo de comédia inteligente e reveladora. Apesar do emprego de um humor escatológico na parte inicial, eis um exemplo de comédia inteligente e esclarecedora pela valorização do cotidiano de alguns personagens, sobretudo os dois principais, interpretados de forma admirável por Marcelo Subiotto e Leonardo Sbaraglia. Realizado pela dupla Maria Aché e Benjamin Naishtat, o filme recebeu prêmios em festivais internacionais, e se trata de uma coprodução com o Brasil e nações europeias. Falar de um país através de problemas e ambições de personagens reais sempre foi e continuará sendo o caminho certo para o cinema. Nada de discursos e encenações desprovidas de lucidez. Basta que o espectador olhe para o comportamento, os gestos e os olhares dos personagens para que veja na tela um retrato eloquente de uma época e suas crises. E também contemple seres humanos reagindo de formas diferentes diante dos rituais a ser cumpridos para que a engrenagem continue a funcionar, sem que apelos e anseios sejam atendidos.

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