A quinta geração da Casa Silva

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Como vinícola, ela existe há apenas 11 anos. Nesse período alcançou invejável prestígio no Chile e fora dele - 20% de sua produção são consumidos internamente, os restantes 80% são comercializados pelo mundo afora. Mas foi muito antes disso, em 1894, que a família Silva iniciou em suas terras o cultivo de videiras. Quase tudo o que produziam era revendido a vinícolas chilenas, o melhor da safra era transformado em vinho, saboreado ao longo dos anos por eles e seus amigos mais próximos.
Pode ter sido em uma dessas degustações, ou quem sabe em noites de reflexão do patriarca. O fato é que a quinta geração dos Silva já estava em atividade no cultivo quando chegou a uma conclusão: se ninguém conhecia suas videiras como eles mesmos, se o vinho que artesanalmente elaboravam era desejado e saudado por quem o provasse, então por que revender sua produção ao invés de utilizá-la em rótulos próprios?
Um dos primeiros passos foi a contratação do enólogo Mário Geisse, bem conhecido no Rio Grande pelo espumante que leva seu nome - Cave Geisse. Em poucos anos ele e os Silva conseguiram concretizar o sonho da família: construíram e montaram modernas instalações no Vale do Colchagua, onde vinificam toda a produção. E espalharam o cultivo das videiras (foto) por microrregiões: Fundo Paredones, Angostura, Los Lingues e Lolol. A filosofia adotada passa por cultivar a uva mais adequada a cada terroir.
Hoje estão disponíveis 21 rótulos da Casa Silva no Brasil, onde ocupa uma firme posição no mercado. Ela foi conquistada cálice por cálice, graças também a uma eficiente distribuição de sua representante exclusiva, a gaúcha Vinhos do Mundo (tel. 51 3012-8090). Foi na sede dessa empresa, ao lado do estádio Olímpico, que conversamos com o enólogo Mário Geisse e com Mario Pablo Silva, jovem diretor-executivo da vinícola, representante de sua quinta geração (confira as respostas dele na seção Três Perguntas Para, abaixo).
Na degustação, começamos por um surpreendente Cool Coast Sauvignon Blanc (100%), prosseguimos com Quinta Generación branco, depois o tinto, ambos de 2007. A seguir, um respeitável Microterroir Los Lingues Carmenère (100%) de 2006 e finalmente o grande destaque da noite: Altura 2004, um magistral corte de Carmenère (50%), Cabernet Sauvignon (33%) e Petit Verdot (17%). Ele repousou por18 meses em barricas de carvalho francês, mais 4,5 anos na garrafa. É o top da vinícola, dele são elaboradas entre 5 mil e 8,5 mil garrafas a cada ano, que custam quase o dobro dos rótulos que o seguem e dez vezes o preço dos vinhos de entrada do portfólio da Casa Silva.
Três perguntas para Mario Pablo Silva - Diretor-executivo da Casa Silva

VINHOS DO MUNDO/DIVULGAÇÃO/JC
1 - Qual o segredo para a Casa Silva surgir do nada e tão rapidamente conquistar importantes mercados pelo mundo?
Bem, começamos nossos cultivares em 1894, em terras próprias, repassando quase toda a produção a terceiros. Então não somos neófitos no ramo, embora eu reconheça que conquistamos um invejável mercado em dezenas de países, depois de apenas 11 anos como vinícola.
2 - Então, qual o segredo para que isso ocorresse tão rapidamente?
Provavelmente ele está no fato de que somos uma empresa familiar, gerida por descendentes diretos de seus fundadores, e que todos os que nela trabalham amam o vinho. Depois, obedecemos ao princípio de que cada terroir tem uma vinífera perfeitamente adequada ou adequável a ele – respeitamos muito isso e procuramos fazer o melhor possível. Paralelamente, sempre contamos com o trabalho competente do enólogo Mário Geisse.
3 - Cabernet Sauvignon é o ícone da vitivinicultura chilena?
Pode ter sido, mas no passado. Hoje a Carmenère tem um papel mais importante e destacado no Chile. Embora ainda seja recente a descoberta dos vinhedos chilenos dessa variedade – os franceses haviam sido dizimados –, atualmente a Carmenère tem muito mais a cara do Chile do que da França. É uma variedade que se adaptou maravilhosamente a nosso solo e clima, nela temos encontrado a matéria-prima ideal para elaboração de preciosos vinhos.

Chope e cerveja
  •  Quem já provou, elogia. Enquanto isso a Cervejaria Schornstein estende seus tentáculos desde a pequena Pomerode (SC) para a poderosa São Paulo. O abre-alas é o chope artesanal Schornstein Weiss, produzido seguindo a Lei da Pureza Alemã, o que significa empregar pelo menos 50% do melhor malte de trigo alemão em sua composição e tem 5% de teor alcoólico. Veja em www.schornstein.com.br.
  •  Cerveja francesa Page 24 Blond, produzida pela Brasserie St. German, sugere harmonizações tanto por contraste quanto por semelhança. Por ser potente, acompanha carnes de gosto acentuado, como o cordeiro; mas seu leve amargor, segundo o fabricante, a torna complemento ideal para doces,como panetone. Tem na Casa da Cerveja - www.casadacerveja.com.br.
  • Doses
    •  Vinícola Mantellassi foi das primeiras em Maremma, hoje uma importante região com D.O.C. da Toscana. A propriedade possui 215 hectares, é tocada pelos irmãos Joseph e Aleardo Mantellassi, que acompanham cada detalhe da elaboração de seus vinhos. No Rio Grande do Sul há cinco rótulos, distribuídos pela Sommelier (tel. 51 3024 0751), com preços entre R$ 49,00 a R$ 190,00.
  •  Herdade do Esporão apresenta a nova safra de seus vinhos Esporão Reserva e Private Selection. Os rótulos (foto) reproduzem imagens de touro, cobra, sapo e lagarto, criados pela artista plástica Joana Vasconcelos. Os preços começam em R$74,40 (Reserva Breanco 2009) e vão até R$ 196,60 (Private Selection Tinto 2007). Importação da Qualimpor (tel. 0800-702-4492).