Apenas 1 a cada 3 homicídios foram esclarecidos no Brasil

Estudo mostra que 35% dos 40.240 crimes dolosos tiveram elucidação

Por Folhapress

Cerca de 11% dos presos no País foram condenados por homicídio
Se a impunidade é combustível para a prática de crimes, o Brasil tem tudo para manter sua liderança global em números absolutos de homicídios, como apontou relatório da ONU divulgado neste mês. Isso porque, em média, apenas 1 de cada 3 homicídios ocorridos no Brasil entre 2015 e 2021 foi esclarecido, de acordo com estudo inédito do Instituto Sou da Paz.

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Envio de dados incompletos prejudica a investigação

Para calcular as taxas de esclarecimento de homicídios referentes a crimes ocorridos em 2020 e em 2021, o Sou da Paz solicitou aos Ministérios Públicos e Tribunais de Justiça de todos os estados, via Lei de Acesso à Informação, dados sobre a ocorrência de homicídios dolosos que geraram denúncias criminais no mesmo ano do crime ou no ano seguinte.
Das 27 unidades da federação, 11 enviaram dados incompletos para os crimes ocorridos em 2021, e ficaram de fora do estudo. "Estamos melhorando a coleta de dados de elucidação, mas não sua transparência. Essa é uma produção da informação para fins burocráticos, sem se pensar efetivamente na qualidade do monitoramento e do acompanhamento dos casos", avalia Ludmila Ribeiro, pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Para o delegado Rodolfo Laterza, presidente da Adepol (Associação dos Delegados de Polícia do Brasil), é impreciso medir a efetividade do trabalho policial de investigação de homicídios a partir das denúncias oferecidas pelo MP. "Muitas vezes, o inquérito é encaminhado para o MP com resolutividade, mas o MP, por inúmeras razões, não oferece a denúncia."
Os dados do relatório divulgado agora se referem aos dois anos mais graves da pandemia da Covid-19 (2020 e 2021), contexto dificultou as investigações. Mas o fato é que a redução de 23% no número total de homicídios dolosos entre 2015 e 2021 não levou a um aumento na proporção de casos solucionados. "O que a literatura internacional mostra é que, quando se tem mais homicídios, fica mais difícil de elucidar os casos porque é preciso dividir esforços", aponta a pesquisadora da UFMG.