70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial: Seis anos que mudaram a história do mundo
A Segunda Guerra Mundial foi um marco em diversos aspectos. Nunca antes um conflito havia envolvido tantos países em tantas frentes de batalha. O uso de estratégias militares alcançou um patamar inédito, assim como o de modernos armamentos de destruição maciça. Uma guerra que expôs o que de pior o ser humano é capaz de fazer, em que o ódio passou por cima do respeito que deve existir até entre inimigos.
Os números não são exatos, mas cerca de 55 milhões de pessoas morreram no conflito que envolveu 72 nações, inclusive o Brasil, mas que teve como protagonistas, de um lado, Alemanha, Itália e Japão, e, do outro, Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos. Além disso, 35 milhões de feridos e 3 milhões de desaparecidos dão a noção real do tamanho do ocorrido.
Sentimento de injustiça semeou o ódio
Os duros termos do acordo feriram ainda mais uma já combalida nação e serviram de fagulha para que, sentindo-se injustiçado, um austríaco de nascimento, ex-combatente condecorado do primeiro conflito e então chanceler alemão desse início a uma reação do país frente à humilhação internacional.
Político hábil, Hitler criou cenário para a dominação
| AFP/JC |
Hitler observa a cidade de Praga em 17 de março de 1939, dois dias depois da invasão da Checoslováquia pela Wehrmacht |
Assim, quando o velho presidente faleceu, em 2 de agosto de 1934, o líder nazista tornou-se, com total apoio do Heer (Exército), da Kriegsmarine (Marinha) e da Luftwaffe (Força Aérea), comandante supremo das forças militares, as quais fizeram juramento de lealdade a ele, e não ao Estado ou à função de presidente.
Aos poucos, com muita habilidade política, o Führer foi eliminando, dentro de suas próprias fileiras, aqueles que pudessem vir a se tornar um empecilho às suas aspirações, inclusive Blomberg. Foi em 7 de março de 1936 que a Alemanha desrespeitou claramente o Tratado de Versalhes, quando enviou tropas para a Renânia (território alemão), área que, conforme o tratado, deveria ficar desmilitarizada. De acordo com o historiador britânico Andrew Roberts, os homens de Hitler tinham ordens de retroceder se enfrentassem resistência francesa ou britânica e, se isso ocorresse, o novo presidente possivelmente perderia seu cargo, o que mudaria os rumos da história mundial.
Os avanços das tropas alemãs, com as anexações, consentidas pelas populações locais, da Áustria e dos Sudetos de língua germânica (que faziam parte da Checoslováquia), em março e em setembro de 1938, respectivamente, sem que tiros tivessem de ser disparados, foram, novamente, acompanhados com complacência por Inglaterra e França, as duas principais potências europeias na época. Líderes como o primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain confiaram no discurso pacifista de Hitler no pré-guerra. Aqueles seriam os únicos movimentos da Wehrmacht em territórios estrangeiros, garantia o alemão. Foram apenas os primeiros.
Para concretizar seus ideais expansionistas, o Führer precisava, necessariamente, evitar um conflito que poderia, precocemente, dar fim aos seus planos. Em 24 de agosto de 1939, o ministro do Exterior nazista, Joachim von Ribbentrop, e o seu colega soviético, Vyacheslav Molotov, assinaram um pacto de não agressão entre as duas nações. Hitler colocava de lado, assim, sua aversão aos bolcheviques e conquistava a garantia de que não iria ter problemas futuros com o Exército Vermelho, primeiramente, em sua campanha para a anexação da Polônia (a qual contou com o apoio russo e que resultou na divisão do território polaco entre ambos), iniciada em 1 de setembro de 1939, e, a posteriori, em suas ambições de domínio do continente.
Dois dias depois da invasão da Polônia, em que foram empregados mais de 1,5 milhão de soldados nazistas, franceses e ingleses deixaram seu estado de inércia diante de todos os sinais dados por Hilter e declararam guerra à Alemanha. Tinha início o maior conflito bélico e um dos capítulos mais tristes da história da humanidade. As peças do jogo sociopolítico mundial haviam se movimentado sobre o tabuleiro. Nada seria como antes.
Mazzuoli - A decisão da CIDH tem poder sobre a do STF. Se não o fosse, não haveria motivo para a existência de tribunais internacionais. O STF não dá a última palavra em matéria de direitos humanos. O Brasil, se não cumprir a decisão da Corte, comete nova violação. É lamentável que o Judiciário não cumpra essas decisões. Não podemos ratificar o tratado e não cumpri-lo. Nos termos da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, os Estados têm o dever de adequar as legislações internas aos comandos da Convenção. Nenhum Estado é obrigado a fazer parte de um instrumento internacional, é possível que se desligue. Faremos como a Venezuela, que rompeu com a convenção, ou demonstraremos que respeitamos as normas internacionais? Se quisermos avançar na proteção dos direitos humanos, temos de cumprir as decisões de tribunais regionais especializados.
Na próxima semana:
- O surgimento do Direito Internacional e sua evolução no século XX
- A efetividade do DI versus a soberania das nações