Fala, Cohab!: Jornalismo comunitário em pauta no bairro Rubem Berta

Oficina na Escola Municipal de Ensino Fundamental Grande Oriente torna jornalismo acessível para crianças em idade escolar e adolescentes

Por Isabelle Rieger

Escola Municipal de Ensino Fundamental Grande Oriente se transforma em uma redação, onde são definidas as pautas e feita a publicação
Reuniões de pauta, entrevistas, fotografia. Essas são algumas tarefas que os alunos da oficina de jornalismo comunitário, ministrada pela jornalista Rosália Fraga, podem realizar nas terças e sextas à tarde na Escola de Ensino Fundamental Grande Oriente do Rio Grande do Sul, no bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto Alegre. Na região, já circula desde dezembro de 2022 o periódico "Fala Cohab" que tem como proposta "dar uma outra cara para o bairro por meio do noticiário produzido pelos próprios moradores", explica Rosália. Assim, a oficina, além de auxiliar na produção de pautas locais, aproxima as crianças e adolescentes da imprensa.
No quadro apoiado por um suporte de madeira ao fundo da sala de aula, estão listadas as pautas em pré-produção para as próximas semanas. Tópicos como gravidez na adolescência, coleta de lixo e ensaios da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina entram na produção. A rotina dessa pequena redação mirim é, aos poucos, ajustada, como comenta Rosália. Todas são pensadas a partir das inquietações e necessidades dos alunos na hora de falar sobre a região em que vivem.
"Não leio jornais impressos, vejo as notícias pelas redes sociais", responde Nathália Cruz, aluna do 9º ano da oficina. Essa é a realidade dos outros quatro alunos que estavam no curso quando a reportagem esteve no local. A informação, de acordo com eles, é consumida por meio de plataformas digitais como Tik Tok, Instagram e Twitter. Uma das reclamações comuns também, foi que as reportagens realizadas sobre a comunidade do Rubem Berta tinham tom que os deixava "tristes, porque só mostra a violência no bairro", reclama Nathália. "As pessoas têm preconceito com a Cohab", reitera. A estudante planeja cursar Arquitetura e Urbanismo e está entre as primeiras pessoas da família - quando terminar a etapa escolar - a ingressar no Ensino Superior.
A oficina de jornalismo comunitário, então os aproxima da notícia, que acaba não sendo um conhecimento de fácil acesso. A leitura de jornais, assim, não é óbvia. Um aluno comenta que, após a oficina, conseguiu até destacar as ilustrações do jornal vendido no bairro. Antes, não conseguia se orientar para achar as informações no impresso, já que a disposição de artigos, reportagens e notícias era considerada confusa.
Até a reportagem entrou na dinâmica da aula. Perguntas como "por que escolheu Jornalismo?" e "como é a rotina das redações?" foram realizadas pelos alunos. Até o momento, nenhum estudante se animou a seguir na profissão de comunicação, mas as respostas geraram debates sobre as condições do mercado de trabalho para os próximos anos. Hiago Souza, de 14 anos e aluno do 9º ano, quer cursar Artes Cênicas quando terminar o colégio.
Ele também faz parte da primeira geração de sua família a ingressar em curso superior. O aluno comenta que "as pessoas que não tão dentro da comunidade acabam tendo uma visão diferente do que ela é - em relação à violência e ao noticiário policial -, mas o 'Fala Cohab' mostra o outro lado do bairro construído pelos moradores".
A Escola Grande Oriente é parceira no projeto. Uma sala de aula com paredes bege foi cedida para Rosália ministrar a oficina. Isso ocorre porque, no colégio, há iniciativa de projetos de horta comunitária, oficina de cidadania e clube de mães com o propósito de geração de renda. "Todos os projetos são um ganho para a comunidade", afirma a diretora da escola Katian Thomé.
"Os alunos precisam de empoderamento e de perspectivas de vida", ela continua. O Rubem Berta é um bairro localizado na periferia de Porto Alegre e é considerado um dos mais violentos da cidade, estigma que pode afetar a autoestima de seus moradores. Uma das formas de combater isso, então, é a produção de notícias próprias sobre o bairro - entendendo que as pessoas que lá moram são extremamente qualificadas para pautar o seu cotidiano, quando ensinadas as ferramentas.
 

Jornal produzido por moradores está em sua terceira edição

Reuniões de pauta, entrevistas, fotografia. Essas são algumas tarefas que os alunos da oficina de Jornalismo Comunitário, ministrada pela jornalista Rosália Fraga, podem realizar nas terças e sextas à tarde, na Escola de Ensino Fundamental Grande Oriente do Rio Grande do Sul, no bairro Rubem Berta, zona Norte de Porto Alegre. Na região, já circula desde dezembro de 2022 o periódico "Fala Cohab", que tem como proposta "dar uma outra cara para o bairro por meio do noticiário produzido pelos próprios moradores", explica Rosália. Assim, a oficina, além de auxiliar na produção de pautas locais, aproxima as crianças e adolescentes da imprensa.
No quadro apoiado por um suporte de madeira ao fundo da sala de aula estão listadas as pautas em pré-produção para as próximas semanas. Tópicos como gravidez na adolescência, coleta de lixo e ensaios da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina entram na produção. A rotina dessa pequena redação mirim é, aos poucos, ajustada, como comenta Rosália. Todas são pensadas a partir das inquietações e necessidades dos alunos na hora de falar sobre a região em que vivem.
"Não leio jornais impressos, vejo as notícias pelas redes sociais", responde Nathália Cruz, aluna do 9º ano da oficina. Essa é a realidade dos outros quatro alunos que estavam no curso quando a reportagem esteve no local. A informação, de acordo com eles, é consumida por meio de plataformas digitais como Tik Tok, Instagram e Twitter. Uma das reclamações comuns também, foi que as reportagens realizadas sobre a comunidade do Rubem Berta tinham tom que os deixava "tristes, porque só mostra a violência no bairro", reclama Nathália. "As pessoas têm preconceito com a Cohab", reitera. A estudante planeja cursar Arquitetura e Urbanismo e estar entre as primeiras pessoas da família - quando terminar a etapa escolar - a ingressar no Ensino Superior.
A oficina de Jornalismo comunitário, então, os aproxima da notícia, que acaba não sendo um conhecimento de fácil acesso. A leitura de jornais, assim, não é óbvia. Um aluno comenta que, após a oficina, conseguiu até destacar as ilustrações do jornal vendido no bairro. Antes, não conseguia se orientar para achar as informações no impresso, já que a disposição de artigos, reportagens e notícias era considerada confusa.
Até a reportagem do JC entrou na dinâmica da aula. Perguntas como "por que escolheu Jornalismo?" e "como é a rotina das redações?" foram realizadas pelos alunos. Até o momento, nenhum estudante se animou a seguir na profissão de comunicação, mas as respostas geraram debates sobre as condições do mercado de trabalho para os próximos anos. Hiago Souza, de 14 anos e aluno do 9º ano, quer cursar Artes Cênicas quando terminar o colégio. Ele também faz parte da primeira geração de sua família a almejar ingressar em curso superior. O aluno comenta que "as pessoas que não tão dentro da comunidade acabam tendo uma visão diferente do que ela é - em relação à violência e ao noticiário policial -, mas o 'Fala Cohab' mostra o outro lado do bairro construído pelos moradores".
A Escola Grande Oriente é parceira no projeto. Uma sala de aula com paredes bege foi cedida para Rosália ministrar a oficina. Isso ocorre porque, no colégio, há iniciativa de projetos de horta comunitária, oficina de cidadania e clube de mães com o propósito de geração de renda. "Todos os projetos são um ganho para a comunidade", afirma a diretora da escola Katian Thomé. "Os alunos precisam de empoderamento e de perspectivas de vida", ela continua. O Rubem Berta é um bairro localizado na periferia de Porto Alegre e é considerado um dos mais violentos da cidade, estigma que pode afetar a autoestima de seus moradores. Uma das formas de combater isso, então, é a produção de notícias próprias sobre o bairro - entendendo que as pessoas que lá moram são extremamente qualificadas para pautar o seu cotidiano, quando ensinadas as ferramentas.