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ONG de Porto Alegre reabilita animais silvestres para devolvê-los à natureza
Organização atende cerca de 5 mil bichos por ano, e o Ibama 9 mil no Estado
A ONG Voluntários da Fauna foi criada em 2019 com o objetivo de reabilitar animais silvestres machucados e que precisam de acompanhamento antes de voltarem a natureza. O espaço funciona em paralelo com a clínica veterinária, Toca dos Bichos, que presta cuidados há 36 anos. A organização atende cerca de 5 mil bichos por ano e, no Estado, só o Ibama recebe recebe mais, por volta de 9 mil.
A ideia da ONG é cuidar de animais que precisam 24h de atendimento. No mês de junho, a entidade recebeu 149 animais. Entre eles, pomba-rola, coruja, gambá, caturrita, pomba doméstica, quero-quero, sagui e tartaruga tigre d'água. Além desses bichos, atendem também capivaras, veados, tatus, ouriços e filhotes de pequenos pássaros como, andorinha e bem-te-vi.
Tanto a ONG quanto a clínica funcionam na Rua Mal. José Inácio da Silva, 404, bairro Higienópolis, Zona Norte da Capital. A capacidade para abrigar varia conforme o tamanho dos bichos, podendo chegar até 200, atualmente há 80 animais de vida livre.
A Voluntários da Fauna é muito procurada por entidades ambientais e pessoas que encontram animais silvestres feridos. A época de maior procura começa em outubro e vai até fevereiro, com o dobro de animais. Segundo a médica-veterinária responsável pela clínica, Gleide Marsicano, outubro e novembro são os piores meses do ano em razão do aumento de número de nascimentos de filhotes, o que faz os pais terem que transitar com maior frequência para pegar comida, ocasionando um acréscimo no número de atropelamentos e maus-tratos.
No processo de recepção dos animais são anotados todos os dados, como, espécie, quem trouxe, o estado do animal e de onde ele está vindo. Segundo médica-veterinária, é importante saber de onde o bichos vem, pois quando são recolocados na natureza, é preciso colocá-los na mesma região, mas não no mesmo lugar, pois ali ele teve um problema. Ela também revela que alguns animais quando chegam não são examinados na hora pois estão muito traumatizados e podem acabar morrendo. Contudo, caso o animal chegue com sangramento, agem imediatamente.
Parte do processo também envolve examinar o animal para mapear possíveis doenças e assim poder inseri-los num grupo ou levar para outro local até que tenham condições de voltarem para a natureza. Caso não tenham, a ONG comunica o órgão competente alegando que o animal não tem condições de retornar a natureza. Dessa forma, vão a procura de um local adequado para encaminhar o animal.
Ao entrar na ONG, o visitante pode encontrar bugios, que chegam em abundância, alguns já se encontram no local há três anos e todos foram criados com auxílio da mamadeira. Posteriormente são formados grupos, eles recebem chips para identificação e são feitos exames periódicos. Para mamíferos são feitos geralmente exames de sangue durante o trajeto de permanência deles na clínica. Tem que ter muito cuidado para não soltar na vida livre um animal que não esteja doente. Os grupos são fechados, para animais que chegam depois é feito outro grupo separado para eles não brigarem entre si.
No dia da visita, havia no local tartarugas oriundas do tráfico. Elas são numeradas para fins de controle e pesadas a cada 48h ou 72h para acompanhar a recuperação, ver se estão ganhando peso e nadando bem. As tartarugas vieram porque estavam doentes, se fosse só tráfico elas ficariam direto no Ibama. Quando a clínica está superlotada e não tem como receber animais, eles são encaminhados para a Ufrgs.
O trabalho é conjunto, se não é possível identificar a espécie e suas necessidades, temos parceiros etólogos que nos ajudam com essa questão. Tem-se então uma rede de afeto em prol da fauna.
Uma enorme rede de afeto para o atendimento de animais feridos
A mistura entre habitat natural e a expansão do espaço urbano é um problema. Gleide comenta que todo o animal vai para o local onde houver mais facilidade de obter alimento, um exemplo são os gambás, pois como ele é um animal que come de tudo e revira as lixeiras, então é mais fácil para ele ficar na cidade e conseguir alimento de forma mais abundante do que no meio do mato. O que acontece é que as pessoas acabam tendo muito medo desses bichos, acham que é feio ou que vai atacar e acaba o agredindo, algum animal doméstico também pode acabar agredindo.
De acordo com Gleide, são frequentes as perguntas em relação a quanto é gasto com cada bicho, mas é difícil definir, pois cada caso é um caso. "O custo é muito grande, tem alimentação, tem medicamento, material de consumo, material de limpeza e mais tudo o que é preciso para manter o espaço. Não tem como definir um valor fixo porque, os casos são muito variados, então assim como um animal pode precisar passar por uma cirurgia, que é algo mais caro, você tem os filhotes que é só dar papa." expõe.
Para comprar alimentos para os animais, muitas vezes, a entidade precisa verificar quanto tem em seu caixa e a médica veterinária comenta: "Já temos alguns doadores fixos, mas o custo é bem elevado. Como, por exemplo, agora tem que arrumar o toldo dos viveiros. Tem mês que tu gasta 4 mil, 5 mil, mas tem mês que tu gasta 15 mil."
A clínica conta com oito veterinários, duas pessoas encarregadas da parte da limpeza, higienização e preparo dos alimentos e vários estagiários voluntários da medicina veterinária, biologia e zootecnia, além da parte administrativa.
Para apoiar os trabalhos da ONG você pode contribuir com doações, para isso, entre em contato através do Instagram: https://www.instagram.com/voluntariosdafauna/ e o pix é o CNPJ: 35815847000109