TK Elevator aposta na experiência do usuário para modernização

Companhia está presente em 100 países e comercializa equipamentos para projetos comerciais e residenciais

Por Leonardo Machado

eduardo caram
Em 2020, a Thyssenkrupp AG vendeu sua divisão de elevadores para um consórcio formado por Advent, Cinven e Fundação RAG, e desde então operam sob o título de TK Elevator. Com a nova marca mundial, a empresa está apostando na experiência do usuário para modernizar seus produtos e serviços. Conforme Eduardo Caram, Head de Obras Novas e Modernização da companhia, as novas tecnologias MAX e Agile prometem oferecer novas formas de interação com os elevadores.
A companhia, que se identifica como uma empresa de mobilidade, está presente em 100 países e comercializa equipamentos para projetos comerciais e residenciais. No mercado brasileiro, detém a marca do elevador mais veloz do País, que viaja a sete metros por segundo, instalado no Birmann 32, prédio corporativo em São Paulo. A sede da empresa e a produção estão centralizadas em Guaíba, na Grande Porto Alegre. A planta possui mais de 30 mil metros quadrados de área construída, e atende o mercado brasileiro e de exportação para a América Latina.
Empresas&Negócios - Como foram esses dois últimos anos sob a marca de TK Elevator?
Eduardo Caram - A mudança do controle acionário da empresa coincidiu com a pandemia, então, foram bem desafiadores esses últimos anos. Porém, também convergiu com o mercado bombando. Assim, ao mesmo tempo que tivemos o desafio de lançar uma nova marca, uma nova empresa, uma nova identidade, o mercado também estava numa crescente e conseguimos transmitir de uma maneira bem tranquila e simples para o mercado a nossa marca. Enfim, foi bem desafiador os últimos três anos até como aprendizado de como a empresa ia se sustentar sozinha, nós sempre tivemos o costume de trabalhar ao lado de outras empresas, mas agora estamos alçando um voo solo.
E&N - O que é essa nova tecnologia chamada Max?
Caram - Max é um equipamento que, através da internet das coisas, conecta os elevadores com a nossa empresa e com o usuário também, seja o gestor daquele prédio, síndico ou o gestor de um empreendimento comercial. Conectado à internet das coisas em tempo real, ele observa como é que o elevador está se comportando, se existe um consumo excessivo, se está próximo de ocorrer uma falha. Então, o Max entra como um produto que vai fazer essa comunicação preditiva e vai nos auxiliar a fazer preditivamente uma manutenção no equipamento para evitar que aquele equipamento falhe. Hoje, no mundo, temos mais de 100 mil elevadores conectados com o Max. No Brasil, temos cerca de 7 mil elevadores que utilizam essa tecnologia.
E&N - Quais são os produtos e serviços mais tecnológicos que vocês contam hoje?
Caram - Hoje, estamos no edifício mais alto da América Latina, que fica em Balneário Camboriú, o One Tower. O Birmann 32, um empreendimento corporativo de São Paulo, tem um dos elevadores mais rápidos do Brasil, que viaja a sete metros por segundo. A grande tecnologia é a conectividade e a experiência do cliente que queremos levar independentemente do setor. Estamos trabalhando muito forte para que todos os usuários tenham alguma experiência diferente dentro do nosso equipamento. A partir disso, abrimos um leque de opções para que esse usuário, ao entrar no elevador da TKE, tenha realmente uma experiência diferente. Lançamos, há um ano, o Agile Mirror, um espelho interativo que o usuário pode fazer a chamada do elevador direto do celular e rodar vídeos informativos do próprio condomínio, por exemplo. Inclusive, o primeiro que instalamos foi aqui em Porto Alegre, no Hom Nilo.
E&N - Num cenário de envelhecimento populacional, a acessibilidade é um tema que ganha ainda mais importância. Existe um investimento da empresa para esse segmento?
Caram - Essa é uma outra área da empresa que damos bastante importância. A gente se identifica no mercado como uma empresa de mobilidade apesar do nome TK elevadores. Isso porque trabalhamos não só com elevador, mas também com escadas rolantes, esteiras rolantes, as fontes de embarque dos aeroportos, que conectam o terminal com o avião. Então, nós temos a visão completa também de acessibilidade. Nós temos plataformas elevatórias, elevadores unifamiliares, elevadores de uso restrito e o nosso último lançamento é uma máquina de acessibilidade para piscinas. Esses são alguns exemplos de que a gente está preocupado com sociedade, todos têm o direito de se locomover. Vale dizer que os produtos têm uma operação muito simples, na maioria das vezes, o próprio usuário consegue operá-lo e ter a liberdade de ir e vir.
E&N - O mercado de construções e o de mobilidade andam lado a lado. Nesse sentido, quais as tendências urbanísticas presentes no Brasil hoje que impactam diretamente a TK Elevator?
Caram - Temos hoje, em alguns centros, uma verticalização muito forte. Você pega Balneário Camboriú e existe uma verticalização dos empreendimentos cada vez maiores. Há outros polos de verticalização que conseguimos ver claramente onde estão posicionados no Brasil, como a região Nordeste e Goiânia, mas o mercado brasileiro, como um todo, tem uma média de paradas (número de andares) até superior a países da Europa e os Estados Unidos. Hoje, os empreendimentos no Brasil têm em torno de 12 a 15 paradas. Em uma época não tão distante, dez anos atrás, eram 7 e 10 paradas. Então, mostra uma tendência de verticalização em todos os segmentos, não só no nível altíssimo. Vemos hoje empreendimentos voltados para o público do Minha Casa Minha Vida mais verticalizados, na ordem de 18 até 20 pavimentos. A América Latina segue essa mesma tendência, mas com o ritmo menor.
E&N - E o Rio Grande do Sul?
Caram - Hoje você caminha por Porto Alegre e vê um canteiro de obras. A cidade tem se desenvolvido fortemente nos últimos anos. Um vetor extremamente importante anterior do Estado, há prédios com 40 pavimentos. No interior gaúcho, existe uma verticalização maior, inclusive do que na Capital, em que as leis de uso ocupação do solo são um pouco mais restritas, então esses grandes arranha-céus acima de 30 andares aqui na Capital são mais restritos. Porém, no interior, percebemos uma movimentação muito forte para que prédios de 35 a 40 pavimentos já começam a surgir, principalmente no eixo central do Estado, como Santa Maria e Passo Fundo. Então, aquela região vem se verticalizando bastante.
E&N - Quais são as expectativas e projeções para este ano?
Caram - O mercado está bom, crescente. Ainda tem bastante oportunidade. Se a taxa de juros continuar elevada, dentro dos fatores que o governo considera que deve mantê-la elevada, o mercado de construção civil tende a se acomodar. Não vemos uma crise ou uma bolha, nada muito drástico nos próximos anos, mas uma acomodação natural por uma linha de crédito mais restritiva em razão da taxa de juros. Nada que vá tirar os investimentos que estamos dispostos a fazer nos próximos anos, em tecnologia e expansão, e nem adiar lançamento de novos produtos.