{{channel}}
Floricultura Winge aposta em estilo de vida verde
Uma área verde de 3,3 hectares, no bairro Tristeza, zona Sul de Porto Alegre, contrasta com os empreendimentos imobiliários que, cada vez mais, ocupam a cidade. Desde o final do século XIX, o local é sede da Floricultura Winge, empresa familiar que vem reinventando a própria forma de fazer negócio ao longo do tempo. Além da venda de plantas e de móveis de decoração, o espaço abriga também um café, ideal para quem quer trocar a correria da cidade por um ambiente bucólico durante algumas horas.
A floricultura foi fundada em 1886, quando Joseph Winge, um juiz alemão aposentado, se mudou para o Brasil em busca de um clima mais ameno. Junto com a família, ele se instalou em um pedaço de terra da zona Sul de Porto Alegre e iniciou um viveiro de frutíferas. Sem nenhuma formação na área, mas com uma visão empreendedora, o alemão foi aprendendo as técnicas agrícolas de forma autodidata, por meio de livros. “Naquela época, esse meu bisavô trazia videiras dos Estados Unidos, multiplicava e vendia para a colônia italiana aqui na Vila Nova. Ele teve uma participação direta na cultura de pêssego e uva da região”, conta Walter Luís Winge, proprietário do negócio, que está atualmente na quarta geração.
Em 1916, o filho de Joseph, também chamado Walter Winge, assumiu a propriedade, iniciando um período de grande expansão nos negócios da família. Além de incluir a venda de plantas ornamentais, buscando novas espécies no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, ele criou um sistema de comércio para o Interior do Estado, com o intermédio de representantes regionais e utilizando a rede ferroviária para o transporte. Outro passo importante foi a transferência dos viveiros para outra área da cidade, onde hoje fica o bairro Restinga, que possibilitou a expansão do número de espécies. Desde que assumiu o negócio, em 1996, o atual proprietário vem informatizando a empresa e otimizando o ponto comercial. “Ainda estamos no processo de transformação do que era viveiro para uma loja”, diz.
Mais de mil variedades de plantas estão à venda na floricultura, entre espécies aquáticas, cactáceas, orquídeas, arbustos e outras variedades, como os temperos. “Mesmo as espécies que não tem alta rotatividade e não são tão procuradas pelos clientes continuam sendo vendidas para que as pessoas conheçam. É quase um jardim botânico”, acredita Winge. Além das plantas, também são vendidos insumos, vasos, ferramentas e móveis de decoração externos. “Em empresas desse nicho no exterior, as plantas representam 40% das vendas, e os outros 60% são insumos e artigos de decoração. Isso é uma tendência mundial que estamos seguindo, atualmente com 50% para cada lado”, garante o empresário.
Ao todo, a Winge conta com uma equipe de 30 funcionários no ponto comercial e nos viveiros. Jairo Iopp é um dos trabalhadores mais antigos, com 37 anos de atividade na empresa. “Comecei fazendo mudas e estacas e fui aprendendo aos poucos. Sempre aparecem espécies novas, mas em geral já sei diferenciar todas as plantas”, conta Iopp.
Café & Prosa deu novo fôlego ao negócio
Além de ponto comercial, a Floricultura Winge está se transformando em uma atração turística na zona Sul da cidade. O público tem procurado a empresa em busca de uma área verde e também para conhecer a cafeteria Café & Prosa. Aberto há três anos, o café é terceirizado e funciona dentro da propriedade, na antiga casa onde morou o fundador da empresa, no início do século XX. A cafeteria, que tem no cardápio opções como a torta trufada com sorvete, quiches, sanduíches e cafés especiais, deve aumentar a área para atender à demanda.
Apesar de receber seguidamente o assédio de corretores de imóveis, já que o bairro tem sido cada vez mais valorizado, Winge quer seguir a tradição familiar e manter o empreendimento para as futuras gerações. “Nossa ideia é desenvolver a empresa, modernizá-la e torná-la um lugar agradável tanto para os proprietários quanto para os visitantes”, ressalta o empresário.
A floricultura recebe consumidores de outras regiões de Porto Alegre, do Interior do Rio Grande do Sul e outros estados, sendo que o público jovem é cada vez mais frequente. “Nós trabalhamos com a alegria das pessoas, elas vêm aqui em busca de beleza, de satisfação, e encontram”, acredita Winge.