Viagem ao mundo de Ecoland

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O Ecoland se autointitula o paraíso. E o bom é que não está tão distante quanto outros prometidos e poucas vezes alcançados. A pouco mais de uma hora de carro de Porto Alegre, o hotel, que também é área de lazer e de reserva, oferece um ambiente que pode satisfazer quem busca apenas desligar da tensão da cidade ou mergulhar em outra voltagem. Sim, porque adrenalina pode fazer falta a alguns visitantes e aí é só fazer escalada, pedalar bicicletas por trilhas curtas ou subir em cavalos dóceis.

O empreendimento, que surgiu há 15 anos, não para de crescer em uma das regiões mais belas da subida para a Serra, no Vale do Paranhana, entre Parobé e Igrejinha. Os 42 apartamentos nas cabanas em estilo rústico (eram 12 até 2009) estão em instalações aconchegantes, cuja vista das sacadas dá para morros dos vales que moldam o relevo da região. 

Além disso, há lagos e o cenário da infraestrutura do local. No inverno, permanecer nas instalações pode ser uma opção irresistível. Os apartamentos acomodam até seis pessoas. Afinada com a sustentabilidade e uso de fontes alternativas, as cabanas têm recursos de geração de energia solar.   

No verão, além do verde e da natureza que invadem todos os cantos, duas piscinas de médio porte são um convite irresistível em tempos de temperaturas cada vez mais escaldantes. A diretora de marketing, Monique Willers, destaca que as opções de hospedagem combinam estadias com três refeições completas e alternativas de lazer. Os pacotes atendem a famílias (crianças até seis anos não pagam) e se moldam a datas promocionais, como Dia dos Namorados. No cardápio do restaurante, a culinária alemã e italiana domina, além de itens de verduras, legumes e outros ingredientes que são produzidos no local. Visitantes que preferirem aproveitar o dia podem acessar o restaurante e pagar pelas atividades.  

Um dos ícones de Ecoland é a casa rosa, na entrada do empreendimento, à esquerda, símbolo do tempo em que o espaço era o sítio dos Willers. Hoje, famílias lotam os espaços principalmente nos dias quentes. Segundo a diretora de marketing, a estrutura também se consolida como ambiente para reuniões e encontros de empresas. O foco, desde 2013, é principalmente o mercado da Capital e Grande Porto Alegre. “Focamos desde 2009 em eventos e hóspedes”, indica Monique, que antecipa melhorias e novidades. Apartamentos ganharão banheira de hidromassagem e lareira. A aquisição de quase 20 hectares agregou uma queda de água de até 30 metros. O acesso ao atrativo está merecendo atenção especial. Monique aposta que o empreendimento reforce o status da região como circuito de turismo, deixando de ficar à sombra do roteiro de Gramado e Canela. 

Do calçado ao turismo

A crise da indústria calçadista foi a semente de Ecoland. Empregado do setor industrial por 25 anos, Paulo Willers percebeu a derrocada em meados dos anos de 1990, uma das tantas do ramo gaúcho com forte peso na economia do Vale do Paranhana, e decidiu que partiria para outra empreitada. “Tinha menos de 50 anos e não sabia o que iria fazer”, descreve Willers, que é diretor-geral do empreendimento. O sítio no qual a família costumava passar fins de semana virou o ponto de partida. “Sempre fui vidrado em preservação e sustentabilidade”, ressalta o ex-empregado de calçados.

Willers conta que a discussão sobre alternativas tomava conta da região e o turismo se apresentava como mais promissor. “As terras ficavam perto de Porto Alegre e no caminho para a Serra e queria que fosse útil”, justifica o empreendedor. Para desenhar o projeto e montar um plano de negócio, a família teve consultoria. Willers resolveu arriscar e contratou uma linha especial do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

“Fui a uma reunião no Palácio Piratini e falava-se sobre o crescimento do turismo”, conta o fundador de Ecoland. Em 1998, o hotel-fazenda surge na primeira etapa, em 27 hectares dos 50 existentes. Nos anos seguintes, os Willers comprariam mais terra, com total que já alcançou 172 hectares, e por uma decisão estratégica: evitar que o aglomerado urbano alcançasse o empreendimento.