Vinhos do Mundo coloca consumo da bebida em um novo patamar

Por

Na última década, o público gaúcho consumidor de vinhos finos vem sofrendo uma transformação, com aumento da quantidade de apreciadores e a exigência cada vez maior em relação à qualidade das bebidas que se encontram no mercado. Em Porto Alegre, parte desse processo foi originado graças ao trabalho pioneiro da Vinhos do Mundo, uma das primeiras lojas a trabalhar com produtos importados especiais no Estado.
Embora a empresa tenha 16 anos de mercado, a parceria entre seus sócios fundadores é muito mais antiga. Leocir João Vanazzi e Juarez D’Ambros eram vizinhos quando ainda residiam no município de Nova Araçá, na Serra gaúcha. Em 1979, os dois se mudaram para Porto Alegre, onde acabaram trabalhando na mesma empresa supermercadista, na área de importação.
Atuando nesse setor, ambos perceberam as grandes mudanças trazidas pela abertura do mercado nacional no início da década de 1990, quando começou a entrar no Brasil uma série de vinhos estrangeiros que antes eram desconhecidos do público consumidor. “Vendiam-se apenas muitos vinhos baratos, produzidos por cooperativas locais, a grande maioria demi-secs e suaves, com muito pouca presença de importados, e somente dos mais baratos”, lembra Vanazzi.
O novo cenário e o potencial de consumo inspiraram os dois amigos e colegas de trabalho a montar uma casa especializada em vinhos importados na Capital. A primeira loja foi aberta em outubro de 1996, na rua João Alfredo, bairro Cidade Baixa. “Não havia muita concorrência, éramos apenas nós e os supermercados. Mas, no começo, nossa preocupação foi criar essa cultura de fazer alguém sair de casa e ir  a uma loja para escolher um vinho especial”, recorda D’Ambros.
Outro trabalho importante para a conquista de clientes foi a divulgação dos produtos comercializados pela Vinhos do Mundo junto a restaurantes. Conforme Vanazzi, as primeiras tentativas enfrentaram oposição do setor. “Não tinha ninguém tentando entrar nesse nicho, e até os restaurantes não se preocupavam muito com isso. Eles diziam que suas vendas tradicionais eram de cerveja, chope, e acreditavam que o vinho não teria saída. O difícil foi convencer os proprietários que de fato teriam sucesso, mas, após algumas experiências, eles viram que tinha aceitação dos clientes.”
Com a maior aceitação do público, os negócios começaram a crescer. Ainda em 1997, a empresa passou a realizar compras diretas de produtores estrangeiros, não dependendo apenas de importadoras. Já em 1998 foi aberta a segunda loja, na avenida Cristóvão Colombo. Parte desse sucesso deve-se às novas práticas implantadas de atendimento aos clientes. “Fomos pioneiros, sendo os primeiros a apresentar as bebidas com o auxílio de enólogo, sommelier, a fazer um Espaço Gourmet, o que ajudou a conquistar fregueses”, comenta D’Ambros. Segundo o fundador, essa preocupação ajudou a mudar a cultura do consumo do vinho na Capital. “Cada vez mais pessoas ficaram interessadas em experimentar vinhos especiais, que fizessem harmonização com determinadas comidas, por exemplo. A sociedade modificou a forma como olha para a bebida.”

Empresa projeta crescimento nos negócios

Conforme Vanazzi, a Vinhos do Mundo apresenta um crescimento anual de vendas de 8% a 10%. “Isso não significa um consumo maior por cliente, mas mais pessoas comprando, especialmente jovens e mulheres, e esse público é cada vez mais importante no volume de comercialização.” 
Essa perspectiva de bons negócios para o futuro já está incentivando a expansão da empresa. Nos próximos meses, deve ser aberta uma nova loja da empresa em Porto Alegre, na avenida Nilo Peçanha. Além disso, foi montada recentemente uma equipe de vendas em São Paulo, principalmente para atender à demanda crescente de restaurantes de fora do Estado.
Atualmente, a Vinhos do Mundo possui três lojas na Capital (nos bairros Floresta, Azenha e Petrópolis), e conta com 75 funcionários. São importadas bebidas de 35 vinícolas de vários países, como França, Itália, Espanha, Portugal, Argentina, Chile, Austrália e África do Sul, além de alguns rótulos nacionais. “A principal procura é por chilenos e argentinos, que são mais do agrado do consumidor brasileiro”, explica Vanazzi.
No total, a Vinhos do Mundo trabalha com 1,2 mil rótulos diferentes, cujo valor varia de R$ 25,00 a R$ 4 mil por garrafa. A maioria das bebidas, conforme Vanazzi, é adquirida de pequenas vinícolas cujos proprietários ou enólogos se dispõem a vir até o Estado e falar com os consumidores em palestras a fim de divulgar a qualidade de seu vinho. “Isso ajuda muito a atrair os clientes, que querem conhecer as características do que estão comprando.”