“Reformar pneu é econômico e ajuda o meio ambiente”

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Entre os custos que incidem sobre o transporte de cargas brasileiro os pneus ocupam a segunda colocação, depois dos combustíveis. Em vista disso, os pneus reformados tornaram-se importantes fontes de economia, destaca o presidente do grupo Vipal, Arlindo Paludo. Por serem produtos que custam menos da metade do preço, mas possibilitam o mesmo desempenho e segurança que os pneus novos, os benefícios do uso de reformados não param por aí: “A contribuição para o meio ambiente é inegável”, diz Paludo. Segundo ele, cada pneu reparado economiza, em média, 57 litros de petróleo.
A boa fase da economia contribui para que este mercado esteja bastante aquecido no Brasil. Paludo comemora o bom momento do setor e destaca duas recentes investidas do grupo: o novo Banco Vipal, que surge no mercado com metas de obter uma carteira de crédito de R$ 200 milhões até dezembro, e as obras da primeira fábrica com capital brasileiro a produzir pneus para caminhões no País, empreendimento onde a Vipal atua em parceria com a argentina Fate, cuja unidade será erguida em Guaíba.
JC Empresas & Negócios - A história do Grupo Vipal iniciou nos anos 1970, quando a empresa produzia manchões e remendos para consertos de pneus e câmaras de ar. Da pequena fábrica daquela época, a empresa transformou-se em uma das líderes do mercado de produtos para reforma de pneus e câmaras de ar...
Arlindo Paludo - Sim, dela surgiu o Grupo Vipal, composto atualmente pelas empresas Borrachas Vipal, Vipal Financeira e Plásticos Vipal. A companhia possui também participação nas empresas Duroline, de lonas para freio, e Fate, de fabricação de pneus novos, na Argentina. Para atendermos à demanda nacional e a expansão no exterior, reunimos mais de 3 mil colaboradores, duas fábricas em Nova Prata, no Rio Grande do Sul, e uma em Feira de Santana, na Bahia.
Empresas & Negócios -  Recentemente, o Grupo Vipal transformou a sua financeira em banco. Com que missão esta nova instituição chega ao mercado?
Paludo - A necessidade de criar um banco se deu porque era preciso financiar nossos clientes. Com esta mudança, agora é possível alavancar fundos junto ao Bndes para financiamentos de longo prazo. Com isso, nos tornamos um banco múltiplo, atendendo também aos nossos colaboradores. Mas, sem dúvida, a meta principal é proporcionar crédito para aquisição de pneus novos para nossos clientes. A ideia é facilitar o fechamento de mais negócios com os fornecedores. O banco nasce com uma carteira de crédito de R$ 130 milhões e o objetivo é chegar até dezembro deste ano com R$ 200 milhões de carteira.
Empresas & Negócios - A demanda por financiamentos na área de reforma de pneus é grande?
Paludo - Sim, os fornecedores querem facilitar suas vidas, ampliar seus negócios. Apesar de existirem muitos bancos no mercado, nós temos uma afinidade maior com este setor, pois conhecemos a história deles, acompanhamos sua evolução. Esta é uma forma de facilitar o crescimento do mercado da reforma de pneus e da venda de pneus novos.
Empresas & Negócios - Qual é a principal meta do Grupo Vipal para os próximos anos?
Paludo -Estamos focados principalmente na reforma de pneus e na venda de pneus novos. Nosso objetivo é crescer nestas duas áreas. 
Empresas & Negócios - Qual é o cenário do mercado de pneus no Brasil?
Paludo - O de reformas de pneus está bem aquecido. No ano passado foi muito bem, e este ano também tem crescido. Quanto aos pneus novos, fizemos uma sociedade com a Fate da Argentina, na qual temos uma participação de 49% (na Argentina), e estamos construindo, no Rio Grande do Sul, um complexo industrial para a criação da primeira marca binacional de pneus do Mercosul, em sociedade com a Fate do Brasil. Neste caso, teremos participação de 51% da nova unidade, localizada em Guaíba. E, com isso, surge a primeira empresa brasileira a produzir pneus de automóveis e caminhões, porque todas as outras fabricantes de pneus no País são multinacionais.
Empresas & Negócios - Em que fase se encontram as obras do complexo industrial de Guaíba?
Paludo - Em maio, iniciamos a construção da unidade, que custará R$ 404 milhões. A previsão é fabricar o primeiro pneu em março ou abril de 2013. A meta de produção é de 10 mil pneus de passeio por dia, além de pneus de trator e de caminhões.
Empresas & Negócios - E como está o desempenho do setor de reforma de pneus, especificamente?
Paludo -  Os pneus, em geral, são o segundo maior custo para os transportadores de carga, depois dos combustíveis. Em vista disso, os reformados tornaram-se fontes de economia importantes, pois significam uma redução de cerca de 60% nos custos por quilômetro rodado, mas com as mesmas características de desempenho e segurança que os pneus novos. Além disso, a contribuição da reparação de pneus para o meio ambiente é inegável. Cada pneu reformado economiza, em média, 57 litros de petróleo, lembrando que este é um recurso natural caro e não renovável. O mesmo ocorre com a energia elétrica, pois a reforma proporciona uma economia de 80% de energia e matéria-prima em relação à produção de pneus novos. Enfim, o pneu recapado tem tão bom desempenho quanto o novo, e dá mais lucro aos transportadores. Como destaque de economia em nossa linha de produtos, eu posso citar a EcoTread, uma banda pré-moldada para reforma de pneus de caminhões e ônibus de desenho exclusivo, produzida com um composto de borracha diferenciado que possibilita aos transportadores a redução do consumo de combustível e maior rendimento quilométrico.
Empresas & Negócios - Para quais países a empresa exporta?
Paludo - Atualmente, a empresa exporta para todos os continentes. Temos uma das mais completas gamas de produtos do segmento de conserto e reforma de pneus. Essa presença consolidada atesta a inovação e tecnologia da Vipal.
Empresas & Negócios -  O Grupo também já possui plantas em outros países?
Paludo - Sim, exportamos há vários anos para o México, mas foi a partir de 2004 que a operação “ganhou corpo”, quando abrimos um escritório local por lá. Além desta filial, a Vipal conta com uma sólida rede autorizada no país, somando 11 pontos de distribuição. Mas, como exportamos bastante para todas as partes do mundo, temos centros de distribuição também na Argentina, Chile, Colombia, Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Eslovênia.
Empresas & Negócios - Com o crescimento do mercado de automóveis, as perspectivas de aumentar a demanda de pneus é grande?
Paludo - Sim, o mercado no Brasil está totalmente aquecido, está muito atraente para os consumidores, e isso significa muitos mais pneus rodando por aí.