Suspeita de influenza aviária fecha Estação Ecológica do Taim

O parque do Taim foi interditado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

Por Claudio Medaglia

Aves na reserva ecológica do Taim
Por suspeita do surgimento de casos de influenza aviária em 36 aves encontradas mortas na Estação Ecológica do Taim, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, e da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) estão no local desde a semana passada investigando o caso. Enquanto isso, o parque foi interditado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
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Conforme a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Rosane Collares, os laudos dos exames feitos nas amostras das aves recolhidas são esperados entre esta segunda-feira (29) e terça (30).

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O órgão emitiu nota no final da manhã, confirmando que há uma investigação de gripe aviária no Estado. "Essa é mais uma amostra enviada para análise, assim como outras já foram coletadas e enviadas ao laboratório para descartar a presença de influenza aviária no Estado. O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal segue com as ações de vigilância e educação sanitária, principalmente com o monitoramento de aves", diz o texto.
De acordo com o chefe da Estação Ecológica do Taim, oceanólogo Fernando Weber, os cisnes-do-pescoço-preto foram encontrados na sexta-feira (26), todos em uma mesma área, o que alertou os técnicos.
“Imediatamente o Mapa foi acionado, e os técnicos se dirigiram para o local. Foram feitas coletas de material e todos os protocolos de incineração das carcaças. O material para análise foi enviado a um laboratório em São Paulo. Agora, aguardamos pelos resultados de prova e contraprova”, disse Weber, que assumiu a chefia do local há um mês.
O local permanecerá fechado até que o Mapa conclua a investigação. Até lá, todas as atividades, como visitação, pesquisas universitárias e educação ambiental, estão suspensas. Somente servidores do Mapa, do ICMBio e do Serviço Veterinário Oficial do governo do Estado têm acesso à estação. “Pode não ser caso de H5N1, mas temos essa situação pelo mundo, então é preciso cumprir todos os protocolos”, completou o oceanólogo fluminense.
A Estação Ecológica do Taim abrange uma área de 33 mil hectares. Lá vivem cerca de 250 espécies de aves, além de 30 de mamíferos e anfíbios. Estabelecida em 1986, a estação também reúne flora com variadas espécies, como figueiras, corticeiras, quaresmas, orquídeas, bromélias, cactos, juncos e aguapés, por exemplo.
Com a chegada da doença ao País, na metade de maio, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, o Mapa publicou portaria no dia 23 de maio, declarando estado de emergência zoosanitária. Entre seus efeitos está a prorrogação da proibição da participação desses animais em feiras e eventos, como medida para evitar a propagação.
Espalhada pelo mundo, tendo causado enormes estragos na cadeia avícola e o abate de milhões de aves por todos os continentes, a influenza aviária já colocava todos os elos da atividade comercial brasileira em alerta ainda no final do ano passado, quando começaram a ocorrer casos na América Latina, todos os elos da avicultura comercial entraram em alerta. Terceiro maior produtor de frangos do País, o Rio Grande do Sul a atividade está presente em 239 mil propriedades.
Comercialmente, são mais de 4,5 mil aviários para terminação de aves de corte, além de 376 propriedades que se dedicam à reprodução e 291 à postura de ovos. A produção produção anual é de 1,7 milhão de toneladas de carne de frango, conforme a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). O estado também ocupa a terceira posição no ranking nacional de exportação de ovos, e lidera as vendas externas de carne de peru, de acordo com a Seapi.