Irrigação e proteção à fumicultura pautam abertura da Expoagro

Evento contou com a presença do governador Eduardo Leite, secretários de Estado e prefeitos da região

Por Claudio Medaglia

Benício Werner pediu agilidade nos processos de licenciamento para construção de reservatórios de água
Foi aberta nesta terça-feira (21), em Rio Pardo, a 21ª Expoagro Afubra, em solenidade que reuniu centenas de pessoas em defesa dos assuntos da agricultura familiar. A feira, que segue até sexta-feira no parque de exposições na localidade de Rincão Del Rey, reúne mais de 500 expositores de diferentes setores da atividade agropecuária e tem na inovação e na produção sustentável os pilares para alavancar negócios e fomentar o desenvolvimento das pequenas propriedades rurais.
O evento contou com a presença do governador do Estado, Eduardo Leite, acompanhado por grande parte do secretariado, prefeitos da região, deputados estaduais e federais e lideranças do setor agropecuário gaúcho. Foi o palco ideal para lançar luzes sobre as demandas e preocupações dos agricultores. Já no início de sua fala, ao recepcionar o público da mostra, o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, tratou de ressaltar as perdas sofridas pelas atividades agrícola e pecuária por conta da estiagem. E, com isso, renovar o pedido para que as amarras que dificultam a construção de reservatórios de água nas propriedades sejam desfeitas.
“A estiagem vem arrasando diferentes culturas, causando prejuízos aos agricultores, ao poder público e aos consumidores. Precisamos acelerar os processos de licenciamento para construção de reservatórios. Já há projetos para barragens em municípios como Sinimbu e Vera Cruz. Nossa região se desenvolve e cresce além da produção rural, também nas áreas urbanas. Mas precisa de água”, disse.
O dirigente também pediu apoio em defesa da fumicultura, diante da retomada das discussões em torno da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que determina a adoção de medidas intersetoriais nas áreas de propaganda, publicidade, patrocínio, advertências sanitárias, tabagismo passivo, tratamento de fumantes, comércio ilegal e preços e impostos. Segundo ele, o setor precisa ser visto não como vilão, mas como gerador de recursos sociais, econômicos e ambientais.
Desde que começaram as restrições ao fumo, na safra 2004-2005, até hoje, mais 70 mil famílias abandonaram a atividade nos três Estados do Sul.
“Defendemos o mercado dos agricultores. Na safra 2004-2005, quando se iniciaram as restrições ao fumo, éramos 198 mil famílias produtoras. Atualmente somos 125 mil famílias. E a área plantada caiu de 439 mil hectares para 246 mil hectares. Nossa preocupação é legítima”, justificou Werner.
Em resposta, Eduardo Leite garantiu que a produção da fumicultura encontrará sempre respeito e respaldo do governo gaúcho, por sua importância econômica.
“É importante que se valorize o cultivo, que se entenda o impacto que tem. Uma coisa é conscientizar a população sobre os problemas causados por uma série de produtos, não apenas do fumo. Mas condenar a produção, não aceito. O setor da fumicultura pode contar com nosso apoio”, acrescentou.
Leite também ressaltou que o governo tem trabalhado para conseguir pagar as obrigações, reorganizar as contas e voltar a ter a capacidade de investimentos, inclusive para irrigação. “Teremos investimentos sem precedentes nesse novo ciclo, direcionados aos produtores rurais. Vamos anunciar um plano de investimentos robustos para viabilizar tudo o que for necessário para a irrigação. E a irrigação precisa também de legislação moderna, com a possibilidade de fazer reserva de água sem causar prejuízos e com melhor convivência com a legislação ambiental”, acrescentou.
Ainda durante o evento, o deputado estadual e ex-prefeito de Rio Pardo Edivilson Brum (MDB), representando a Assembleia Legislativa, trouxe à pauta a questão do endividamento dos produtores rurais, com mais uma frustração de safra.
“Temos estimadas perdas de pelo menos 30% na soja e 40% no milho. Mas quanto isso representa para as famílias? Estamos renegociando hoje o que foi negociado ontem para poder viabilizar o amanhã. Ao mesmo tempo, a irrigação é necessária, mas talvez inviável, por conta do custo, da topografia do solo, dos recursos hídricos e da legislação ambiental. Esse tema deve ser tratado como plano de governo, com alçada nacional”, enfatizou o parlamentar.
Schuch pediu apoio para debater a reforma tributária
Presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, o deputado federal Heitor Schuch (PSB) exaltou a atividade desenvolvida nas pequenas propriedades rurais e fez uma provocação sobre um tema que ganhou destaque nas últimas semanas:
“No Rio Grande do Sul, a cada 100 famílias de agricultores, 84 têm menos de 50 hectares de terra. E nessas propriedades não tem trabalho infantil nem trabalho análogo à escravidão”.
Schuch, que pretende levar a discussão sobre a Convenção-Quadro para o Congresso Nacional, apontou para a necessidade da reforma tributária.
“Quero desafiar os prefeitos e prefeitas para que se integrem nas discussões da reforma tributária no Congresso Nacional. O mel de abelha paga imposto, mas o avião está isento, isso não está certo e deve ser consertado”.
O parlamentar pediu ainda a redução das taxas de juros para o crédito rural para que o produtor possa transformar sua atividade em qualidade e preço competitivo.