CMN aprova novo preço mínimo da uva pago ao produtor

Valor de R$ 1,58 pelo quilo, passa a valer a partir de 1º de janeiro, ainda fica abaixo do custo de produção

Por Claudio Medaglia

Emater estima uma queda de 50% na produção da viticultura gaúcha
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou nesta semana o reajuste do preço mínimo do quilo da uva pago pela indústria aos produtores. A resolução, com o novo valor, de R$ 1,58, que passará a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2023, já está pronta, aguardando apenas a assinatura do ministro da Agricultura, Marcos Montes.
O valor foi definido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir de levantamento do custo de produção apurado pelo setor, de R$ 1,61. O assunto foi discutido na semana passada, em Brasília, em encontros entre representantes da Frente Parlamentar da Vitivinicultura da Assembleia Legislativa gaúcha e membros da Conab e dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda. O número, embora tenha ficado abaixo da expectativa, foi considerado uma conquista pelos viticultores gaúchos.
Conforme o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Cedenir Postal, a definição atende parcialmente as expectativas. Isso porque as indústrias procuraram trabalhar pela manutenção do valor atual, de R$ 1,31 e, ao longo das negociações, admitiram chegar a um acordo pelo preço máximo de R$ 1,40 pelo quilo da uva Isabel.
“O resultado nos traz certa satisfação. Ainda que não corresponda totalmente ao que esperávamos, foi uma conquista importante. A comissão trabalhou muito para que nossa demanda fosse reconhecida”, observou Postal.
Presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, o deputado federal Heitor Schuch (PSB) considerou acertada a decisão do governo, que levou em consideração os argumentos dos produtores sobre o impacto de temas como a guerra na Ucrânia, a cotação do dólar e o câmbio.
“A representação dos produtores merece todos os louros por essa conquista, pois se empenhou muito para demonstrar a realidade de custos que enfrenta. Ainda que não tenham obtido tudo que pretendiam, esse avanço traz um balizador importante. Especialmente se a safra não for grande, pois nesse caso o lucro pode crescer”, disse Schuch.
Na safra passada, 663 mil toneladas de uva foram entregues à indústria, com custo de produção de R$ 1,34, pouco acima do mínimo estabelecido pelo governo. Nesta safra, que deverá registrar uma quebra de 15% a 20% na produção por conta de problemas climáticos, o cálculo de desembolso por quilo subiu em torno de 23%.
O parlamentar também exaltou o fato de os produtores de uva, tabaco e leite estarem protegidos por uma política de preços mínimos. E lamentou que outras culturas não tenham o mesmo tratamento.
“É uma garantia muito importante, porque sempre surgem ameaças de importação de produtos, o que acaba desvalorizando a produção local e comprometendo a viabilidade das pequenas propriedades rurais, que são as mais fragilizadas”.