Secretário do Meio Ambiente de Canela é preso em operação policial contra corrupção

A 8ª fase da Operação Caritas tem 27 alvos, incluindo o secretário do Meio Ambiente Jackson Müller

Por Fernanda Soprana

Jackson Muller sec. meio ambiente NH.foto Claudio Fachel 20/07/04
Atualizada às 11h15min
O secretário do Meio Ambiente de Canela, Jackson Müller, foi preso preventivamente durante grande operação policial deflagrada nesta quinta-feira (19). Decretada pela Promotoria de Justiça de Gramado, a ação integra a 8ª fase da Operação Caritas, que investiga crimes de corrupção no poder público de Canela. 
Segundo a Polícia Civil de Canela, são apuradas denúncias de que empresas pertencentes ou ligadas a servidores públicos (CCs) do alto escalão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Mobilidade Urbana, assim como os sócios, seriam indicadas a munícipes e empresários da cidade que buscavam licenciar grandes empreendimentos em Canela. Caso a empresa não fosse contratada, a possibilidade de obtenção da licença ambiental seria inviabilizada ou postergada, de acordo com a Polícia Civil.
Também estão sob suspeita contratos firmados pela Prefeitura de Canela com empresas ligadas aos servidores, com dispensa de licitação (inexigibilidade), na pasta. Os documentos somam R$ 8 milhões — dos quais mais de R$ 7,3 milhões representam contratos públicos firmados nos últimos meses. A investigação indica que Müller tem envolvimento direto nos crimes. 
Nesta manhã, são cumpridas 180 medidas judiciais contra 27 alvos (18 pessoas físicas e 9 pessoas jurídicas) — a prisão preventiva do secretário; seis afastamentos cautelares sem remuneração de servidores públicos, quatro com prazo de 120 dias e dois por 60 dias; 40 mandados de busca e apreensão; 111 quebras de sigilo; sete apreensões de veículos e uma restrição de venda a imóvel. No total, o inquérito investiga mais de 30 indivíduos.
Operação é deflagrada por 130 policiais civis em 15 cidades gaúchas, além de Florianópolis (SC) e Goiânia (GO). Foto: Polícia Civil/Divulgação/JC
A ação é deflagrada por 130 agentes em 15 cidades gaúchas e duas em outros estados: Canela, Gramado, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Taquara, Igrejinha, Guaíba, Santa Maria, Capela de Santana, Portão, Canoas, Estância Velha, Tupandi, Bom Princípio, Vale Real, Florianópolis (SC) e Goiânia (GO).
A Polícia Civil de Canela não divulgou nomes de investigados, mas declara que "há fortes elementos no inquérito ligando parte do alto escalão da Secretaria do Meio Ambiente a empresas que seriam indicadas ou que realizaram contratos públicos com a Prefeitura Municipal de Canela".
As investigações da Operação Caritas sobre a Secretaria do Meio Ambiente começaram há cerca de seis meses. Coordenada pela Polícia Civil de Canela, os esforços contam com participação efetiva do Gabinete de Inteligência e Estratégia da Chefia de Polícia, através da Divisão de Inteligência Financeira, e do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), pela Divisão de Combate à Corrupção.
O JC solicitou o posicionamento da prefeitura de Canela e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Não houve retorno até o momento de publicação desta matéria.