Eduardo Leite quer candidato competitivo para sucessão ao Piratini

Governador ainda busca definir quem será o seu sucessor e como será a composição do palanque no Rio Grande do Sul

Por Guilherme Kolling

AUSTIN, TX., ESTADOS UNIDOS, 12/03/2022 - Palestra ?ESG: Pathway to Inclusive Economic Development? na South by Southwest (SXSW). Fotos: Maicon Hinrichsen / Palácio Piratini
O governador Eduardo Leite (PSDB) tem sido insistentemente questionado nas últimas semanas sobre sua possível candidatura à presidência da República. O tucano já deu mostras de que está disposto a aceitar o desafio, mas avalia se terá apoio suficiente na chamada terceira via, bem como as consequências de sua decisão: ter de deixar o PSDB, partido ao qual é filiado há 20 anos, e renunciar ao cargo de governador até o fim do mês.
Paralelamente às articulações ao Planalto e às tarefas do que podem ser seus últimos dias de governo, Leite ainda tem outra frente política: definir quem será o seu sucessor e como será a composição do palanque no Rio Grande do Sul.
Os partidos que integram sua base aliada já têm pelo menos quatro candidatos: o PP lançou o senador Luis Carlos Heinze, o MDB discute um nome entre os deputados Gabriel Souza e Alceu Moreira, o PSB já desembarcou do governo e aposta em Beto Albuquerque, e o PSDB manifestou que terá candidato próprio. Pode ser o vice-governador Delegado Ranolfo ou outro nome, Leite não confirma o vice como candidato natural à sucessão. Diz que, primeiro, é preciso avaliar o cenário eleitoral.
O governador sustenta que o candidato escolhido precisa ter viabilidade eleitoral, o que depende do contexto político. "Não existe um nome que tenha, neste momento, a condição ao natural de avocar o direito de ser o candidato deste campo político." Leite defende a estratégia de, assim como no plano nacional, escolher um nome de centro para superar a polarização.
Nesta entrevista concedida no último dia de atividades em Austin aos cinco jornalistas de veículos de comunicação que acompanharam
Um pragmatismo eleitoral...
Leite - Pragmatismo eleitoral, mas embasado em um propósito, ou seja, não é ganhar a qualquer custo. É a percepção de que a manutenção da agenda é mais importante do que vaidades ou desejos pessoais e partidários por mais legítimos que sejam. Este pragmatismo é necessário no nosso sistema político. Para compor coalizão, precisa olhar a dispersão que temos de candidaturas, as chances que estão se abrindo para aquilo que não necessariamente é a vontade da maioria acabar se transformando numa maioria casual, de uma circunstância... Como aconteceu numa eleição no Rio de Janeiro, em que candidatos próximos ao governo cada um teve 12%, 13%, dispersaram seus votos e levaram duas candidaturas muito distintas (do governo) ao segundo turno.
O senhor quer dizer que a pulverização de candidaturas de sua base aliada ao Piratini pode levar ao segundo turno aqui no Estado nomes como Edegar Pretto (PT) e Onyx Lorenzoni (DEM), candidatos apoiados por Lula e Bolsonaro, que polarizam nacionalmente. É isso?
Leite - É a sua análise...

Perfil

Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite é natural de Pelotas e tem 37 anos. É bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas e cursou mestrado em Gestão e Políticas Públicas na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Foi aluno convidado do curso de Políticas Públicas da Universidade de Columbia, de Nova York, nos Estados Unidos, em 2017. Concorreu pela primeira vez a um cargo público em 2004, para a Câmara Municipal de Pelotas, ficando como suplente de vereador. Elegeu-se no pleito seguinte, em 2008, sendo vereador de 2009 a 2012, presidindo o Legislativo em 2011. Concorreu ao cargo de deputado estadual na eleição de 2010, mas não se elegeu. Foi eleito prefeito de Pelotas em 2012 e comandou a cidade de 2013 a 2016, elegendo a sucessora, Paula Mascarenhas (PSDB). Em 2018, venceu a eleição ao Palácio Piratini, aos 33 anos, tornando-se o governador mais jovem do Brasil. Assumiu a chefia do Executivo gaúcho em janeiro de 2019, cargo que ocupa até hoje.