Líderes do PTB devem deixar sigla nesta semana

Parlamentares tratam com direção partidária garantia dos mandatos

Por Marcus Meneghetti

A debandada das principais lideranças gaúchas do PTB deve se concretizar nessa semana. O próprio diretório estadual divulgou uma nota ontem, reconhecendo que perderá deputados estaduais e federais, prefeitos, vereadores e outros membros sem cargos eletivos. Alguns líderes, inclusive, se filiaram neste final de semana a outros partidos.
"É o tradicional 'quebrar ovos', para reconstruir um PTB ideológico, sem fisiologismos, alinhado em todos os Estados, num projeto de Brasil", diz a nota assinada pelo presidente estadual do PTB, Edir Oliveira - que foi nomeado para o cargo pelo presidente nacional da legenda, Roberto Jeferson, depois de ele destituir a direção do partido.
A desavença entre os líderes petebistas e o direção nacional da sigla ocorreu em março, quando Roberto Jefferson deu uma entrevista a uma rádio gaúcha. Embora a entrevista tenha começado com o presidente nacional do PTB criticando o fechamento do comércio, logo descambou para ofensas pessoais ao governador Eduardo Leite (PSDB) e o vice-governador Delegado Ranolfo Vieira Júnior (PTB). O líder do diretório nacional disse que expulsaria o vice-governador.
Em resposta, Ranolfo rebateu as críticas, dizendo que sairia por conta própria, pois "queria distância desse tipo de liderança". Roberto Jeferson destituiu a direção estadual da sigla. E a bancada de cinco deputados estaduais e dois federais anunciaram, então, que se desfiliaria junto com o vice-governador.
Embora neste sábado várias lideranças municipais do PTB tenham se filiado ao Podemos - como o secretário de Governança de Porto Alegre, Cassio Trogildo; e o ex-presidente municipal da sigla, Everton Braz -, os deputados ainda não oficializaram a saída. O motivo é a possibilidade de perda do mandato, caso abandonem a legenda fora da janela de troca partidária (que deve abrir em março no início de 2022).
"Devemos ter uma reunião nesta semana para definir quem vai sair conosco. O grande problema é que quem tem mandato parlamentar não pode sair por sair, sob pena de perder o mandato. Então, os vereadores, deputados estaduais e federais vão manifestar o desejo de sair à direção (do partido). Roberto Jefferson teria acordado com eles que os liberaria. Vamos ver se isso efetivamente vai acontecer. Senão, eles vão entrar em juízo para garantir que não perderão os mandatos", explicou o vice-governador.
Delegado Ranolfo ponderou ainda que ele e outros secretários do governo Leite podem se desfiliar a qualquer momento. "No meu caso, que fui eleito em uma eleição majoritária, e de outros que não têm mandato no momento, como alguns secretários, poderão sair sem problema".

PTB lança Divaldo Lara ao governo do Estado em 2022

Na nota divulgada ontem, o presidente estadual do PTB, Edir Oliveira, anunciou que o prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PTB), será o candidato do partido ao governo do Estado em 2022. Além disso, anunciou que a sigla vai apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"O PTB defende e estará ao lado do presidente Jair Bolsonaro, apoiando sua reeleição. Assim como defende e lançará a candidatura do prefeito Divaldo Lara ao governo do Estado. Os que querem apoiar (o ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT) e Eduardo Leite (PSDB, que é cotado para concorrer à presidência da República), realmente não têm lugar no PTB", anunciou Oliveira.
Divaldo Lara é irmão do ex-presidente estadual do PTB, deputado estadual Luis Augusto Lara. O parlamentar foi destituído da direção pelo presidente nacional Roberto Jefferson, depois que defendeu o vice-governador Delegado Ranolfo Vieira Júnior (PTB). O deputado é uma das lideranças que deve deixar a sigla.
Além disso, Divaldo e Luis Augusto Lara foram condenados em segunda instância pela Justiça Eleitoral, por abuso do poder político e econômico durante a campanha eleitoral de 2018. Na sentença, o prefeito teve os direitos políticos suspensos e o deputado estadual teve o mandato cassado. Entretanto, à decisão ainda cabe recurso.
A nota de Oliveira segue ainda o plano de Jefferson "de não alinhamento com partidos de esquerda, liderados por PT, PSDB, PDT e PSOL". A maioria dos analistas políticos classificam o PSDB como um partido de centro-direita.