Porto Alegre deve ter recorde de candidatos à prefeitura

Até agora, 17 partidos já lançaram pré-candidaturas ao Paço Municipal

Por Marcus Meneghetti

Prefeitura de Porto Alegre, Paço Municipal de Porto Alegre
Porto Alegre deve ter um número recorde de candidaturas à prefeitura nas eleições de 2020. Faltando três meses para o pleito, marcado para 15 de novembro, e a um mês do prazo final para as convenções partidárias, 17 legendas já lançaram pré-candidatos ao Paço Municipal - mais que o dobro da média das últimas eleições.
Desde a redemocratização de 1985, quando os porto-alegrenses puderam novamente escolher pelo voto direto o prefeito da Capital, a média de candidatos nas eleições foi de 8,6 concorrentes ao Paço Municipal.
Até hoje, o pleito com número recorde de candidaturas foi o de 1996, com 12 concorrentes. Em 2000, houve 11 concorrentes e, em 1992, 10. Em 1985, 1988, 2004, 2008, 2012 e 2016, a quantidade de candidatos não passou de nove.
Em 2020, os partidos devem escolher seus candidatos no prazo de um mês, a contar de agora. Afinal, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu que as convenções partidárias - nas quais os nomes e as coligações são oficializados - devem acontecer entre 31 de agosto e 16 de setembro.
Até lá, o cenário pode mudar. Alguns partidos podem abrir mão da sua candidatura em prol de uma aliança maior. Outros podem oficializar candidaturas próprias. Hoje, 17 legendas têm postulantes ao Executivo municipal - mais da metade das 33 siglas registradas no TSE.
A explicação para a explosão do número de candidaturas se justifica, entre outras coisas, pelas mudanças na legislação eleitoral. Duas alterações, em especial, contribuíram significativamente para a elevação no número de candidaturas: o fim das coligações nas chapas proporcionais e a implementação da cláusula de barreira.
O fim das coligações proporcionais significa que os candidatos a vereador não poderão construir alianças, pois o voto para conquistar cadeiras nas câmaras municipais será direcionado exclusivamente ao partido e ao candidato. A cláusula de barreira impede a atuação de parlamentares eleitos por partidos que não alcançarem um desempenho mínimo nas urnas.
Com isso, os partidos tendem a lançar candidatos próprios à prefeitura, na tentativa de dar visibilidade às nominatas de vereadores.

Disputa na Capital tende a maior grau de imprevisibilidade

Além do grande número de candidaturas, outro fator deve aumentar o grau de imprevisibilidade das eleições municipais de 2020: o processo de impeachment do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB). O desfecho do impeachment - que tramita na Câmara Municipal desde o início de agosto - deve sair dias antes das eleições.
O prefeito foi notificado sobre a admissibilidade do impeachment no dia 10 de agosto. A partir dessa data, os vereadores têm 90 dias para concluir o processo. Portanto, o futuro do prefeito deve ser decidido cinco dias antes do primeiro turno da eleição, marcado para 15 de novembro.
Entre as possibilidades, está a destituição de Marchezan, que deve concorrer à reeleição. O afastamento do tucano levaria outro candidato ao cargo máximo do Executivo: o vice-prefeito Gustavo Paim (PP). De qualquer forma, o processo de impeachment vai tramitar durante a campanha eleitoral, o que, por si só, deve desgastar a imagem de Marchezan.