'A estratégia de defesa da vida não é negociável', alerta Leany

Coordenadora do Comitê de Dados da Covid-19 fala de como é enfrentar as críticas ao modelo de distanciamento

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Ex-secretária do Planejamento é a primeira mulher a ocupar o cargo na Instituição
A pressão aumentou, e quem admite é a própria comandante do sistema de
JC - Vai haver recursos para atender as empresas, como no capital de giro, que é um dinheiro mais caro no banco de varejo?
Leany - As empresas precisam quase de um socorro, porque não é para investimento, vão estar numa situação muito difícil. O banco hoje é o 16º em carteira de crédito do País, com R$ 13,5 bilhões para longo prazo e R$ 3 bilhões ao ano para o curto prazo, dividido pelos três estados. O Rio Grande do Sul todo ano oferta R$ 1 bilhão em crédito. Não temos nada na administração pública com esse potencial. Claro, tudo isso tem de ser feito tecnicamente, olhando risco de crédito, mas é um banco muito saudável, que traz bons resultados. Ano que vem não vai ser bom para bancos, porque vai crescer a inadimplência, principalmente dos pequenos. Mas é um banco que tem índice de atrasos muito baixo. Então, é olhar um pouco para essa carteira, para oportunidades de ajudar a sustentar empregos. Essa tem de ser um pouco a obsessão. Claro que a empresa é importante, mas quando o negócio abre oportunidade de emprego, consegue segurar a renda que circula no Estado. Então, o governador quer um olhar estratégico de como operar uma ferramenta para o desenvolvimento ou para a mitigação dos efeitos da pandemia. Não vamos nos iludir, vamos conviver com os efeitos por 10 anos.

Perfil

A brasiliense Leany Lemos, 50 anos e três filhos, é cientista política, mestre em Ciência Política (1998) e doutora em Estudos Comparativos das Américas (2005) pela Universidade de Brasília (UnB). Tem pós-doutorado no programa Oxford-Princeton Global Leaders (2009-2011). Recebeu o prêmio Alacip de melhor tese de doutorado em Ciência Política da América Latina, biênio 2004-2005, e menção honrosa do Prêmio Capes de Teses, 2005. Foi pesquisadora colaboradora plena do Instituto de Política da UnB, de 2008 a 2013, e secretária de Planejamento do Distrito Federal (DF), entre 2015 e 2018. É servidora de carreira do Senado desde 1993. Filiada ao PSB, é suplente da senadora Leila do Vôlei, eleita em 2018, pelo DF. Foi secretária estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão do Rio Grande do Sul no governo Eduardo Leite até fim de maio. Foi a primeira mulher a ocupar o posto em mais de 50 anos de existência da pasta. É coordenadora do Comitê de Dados da Covid-19 e foi indicada pelo governador para comandar o BRDE. Se aprovada pelo Legislativo gaúcho e Banco Central, será a primeira mulher a ocupar o cargo na história do banco.