Deputados aprovam orçamento para 2020

Parlamentares apresentaram uma emenda que mantém congelamento dos recursos destinados aos Poderes

Por Marcus Meneghetti

Os deputados estaduais aprovaram, na sessão de ontem da Assembleia Legislativa, a Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2020. O texto foi aprovado com uma emenda da bancada do PSDB, que restabelece o congelamento do orçamento dos poderes Judiciário, Legislativo, Ministério Público (MP), Tribunal de Contas do Estado e Defensoria Pública.
Em julho, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) havia determinado o reajuste zero para todos os Poderes e órgãos independentes, mas a medida foi derrubada por uma emenda do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Sul. Uma semana depois de aprovada na Assembleia, o MP entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) na Justiça gaúcha, questionando a validade dos artigos que congelavam o repasse aos outros poderes, sob o argumento de que os poderes têm autonomia financeira.
Em agosto, o TJ concedeu uma liminar suspendendo os efeitos dos artigos que tratavam do reajuste zero. O assunto foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), onde aconteceu uma reunião entre os líderes dos três poderes e órgãos do Estado, em que o ministro Dias Toffoli tentou mediar uma solução. Entretanto, não houve consenso.
Apesar disso, todas as partes se comprometeram em participar de outra reunião que seria convocada por Toffoli - o que ainda não aconteceu. Enquanto espera uma solução mediada pelo STF, o governo Leite enviou a LOA 2020 à Assembleia, concedendo a recomposição de 4,06% sobre as despesas dos poderes e órgãos autônomos estaduais (percentual defendido pelo MP e Judiciário).
A bancada do PSDB no Parlamento apresentou uma emenda restabelecendo o congelamento do orçamento. Ontem, o relator da matéria na Comissão de Finanças, Mateus Wesp (PSDB), disse que não teme que a Justiça derrube outra vez o reajuste zero, porque, conforme explicou, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem jurisprudência em que determina que é o legislativo que tem a palavra final sobre as peças orçamentárias. Segundo Wesp, o reajuste aos outros poderes custaria R$ 232 milhões aos cofres públicos.
A LOA tem previsão de despesas de R$ 66,4 bilhões ao longo do próximo ano. A receita estimada é de R$ 61,2 bilhões. Portanto, a estimativa de déficit é de R$ 5,2 bilhões. O texto final recebeu 38 votos favoráveis e 10 contrários. A matéria reserva ainda R$ 55 milhões para que cada deputado possa destinar, através de emendas parlamentares impositivas, R$ 1 milhão em recursos para a sua região.

Deputados do PSB querem mudar PL do magistério

Em reunião com o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP), os deputados estaduais do PSB, Elton Weber e Franciane Bayer, membros da base aliada, solicitaram mudanças no projeto do Executivo que reformula o plano de carreira do magistério. Os parlamentares votarão contra o texto se o governo não apresentar uma nova proposta. 
Dentre os pontos destacados como negativos pelos deputados está o fato que a nova redação desvaloriza a instrução acadêmica ao reduzir drasticamente a distância entre as faixas salariais. Hoje, a diferença de remuneração entre o professor de Nível I e o professor de Nível 6 é de 100%, enquanto na proposta do governo será de 7%.
"Sou favorável à reestruturação do Estado, mas não posso admitir que os servidores da educação sejam os mais atingidos pela reforma", justificou Elton Weber, líder da bancada na Assembleia Legislativa. Para ele, o projeto do governo deveria prever um salário final para os professores equivalente ao piso do INSS (R$ 5.839,45).
"Sabemos da necessidade de reestruturação do Estado para o enfrentamento da crise financeira e para que o Estado retome os caminhos do desenvolvimento, no entanto, não temos como aprovar a proposta para o Magistério como está, sabendo das dificuldades da categoria e sendo a educação primordial para a nação", explicou Franciane Bayer.