Jair Bolsonaro cogita criação de novo partido

Chefe do Executivo afirma que tem 80% de chance de deixar PSL

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Presidente diz que tem de 'preparar a opinião pública' sobre a decisão
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que, em uma escala de 0 a 100, é de 80% a probabilidade de que saia de seu partido, o PSL. E, nesse caso, há 90% de chance de que funde um novo partido. A declaração foi dada em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da TV Record, exibida na noite deste domingo.
"Eu pago a conta sobre qualquer desvio de terceiro no partido. E a mesma coisa acontece no tocante a fundo partidário", afirmou Bolsonaro, que trava embate com o presidente nacional da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE).
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Eduardo tem imunidade parlamentar, diz presidente

Sobre as declarações de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sobre um novo AI-5, uma das mais repressoras medidas da ditadura militar no País, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que ele está protegido pela imunidade parlamentar.
"Para que serve o artigo 53 da Constituição? Lá está escrito que os senadores e deputados são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer palavras, opiniões e votos. Ponto final. Eu puxei a orelha dele, porque falou em AI-5. Mas o pessoal aproveita, qualquer coisa que a gente faz, potencializam."
Bolsonaro também disse que os filhos não atrapalham seu governo. "Eles têm me ajudado muito a identificar pessoas que não estão na nossa linha. Acontece. Algumas exonerações foram feitas no passado. Ninguém vive dentro do Palácio dizendo o que tenho que fazer."
"O Brasil mudou", completou o presidente. "Há até pouco tempo, era um país onde a família não existia. Onde a ideologia de gênero era uma marca. Onde meritocracia também não existia. Mudou. Hoje o presidente respeita o Estado laico, mas é cristão. É um presidente, um governo, que respeita a família. Se alguém não estiver nessa linha, vai esperar no futuro o PT voltar."
A respeito do vazamento de óleo no litoral brasileiro, o presidente afirmou que todos os indícios levam a crer que a responsabilidade é do navio grego Bouboulina, da empresa Delta Tankers. "A notícia ruim: o que foi recolhido é uma pequena quantidade do que foi derramado. Então o pior ainda está por vir. Pelo que parece, foi criminoso."

Presidente nega interferência no caso Marielle

À noite deste domingo, Jair Bolsonaro (PSL) foi ao jogo Itália X Paraguai, pela Copa do Mundo Sub-17, e voltou a falar sobre o caso Marielle quando abordado por jornalistas ao cumprimentar torcedores paraguaios.
Bolsonaro disse que quem diz que ele tenta obstruir as investigações "não tem o que fazer" e negou que tenha pegado a gravação com os áudios da portaria do condomínio. "O que eu fiz foi filmar a secretária eletrônica com a respectiva voz de quem atendeu o telefone. Só isso, mais nada. Não peguei, não fiz backup, não fiz nada. E a memória da secretária eletrônica está com a Polícia Civil há muito tempo. Ninguém quer adulterar nada não", afirmou Bolsonaro.
No sábado, Bolsonaro havia dito que "nós pegamos antes que fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de anos, a voz não é minha".
Neste domingo, ele criticou quem relaciona o nome dele ao caso do assassinato da vereadora e do motorista dela. "Caso Marielle, eu quero resolver também. Mas querer botar no meu colo é, no mínimo, má fé e falta de caráter", afirmou Bolsonaro.
Na semana passada, após ser atacada por Bolsonaro pela reportagem sobre o caso Marielle, a Globo afirmou em nota lamentar que o presidente demonstre "não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão".
"[A reportagem] ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações", afirmou.