Líder do PSL diz que 'implodirá' Bolsonaro

Governo sofre derrotas sucessivas em articulações no Congresso

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Após perder liderança do governo, Delegado Waldir (c) recuperou posto
Em meio ao racha do PSL, o deputado Delegado Waldir (GO), líder do partido na Câmara, foi gravado dizendo que vai implodir o governo de Jair Bolsonaro (PSL). "Vou fazer o seguinte: eu vou implodir o presidente. Aí, eu mostro a gravação dele, eu tenho a gravação. Não tem conversa, eu implodo o presidente, cabô, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo, cara. Eu votei nessa porra, eu andei no sol 246 cidades, no sol gritando o nome desse vagabundo", disse o deputado.
O áudio foi revelado pelo site R7. A conversa foi gravada no gabinete do deputado nesta quarta-feira (16). O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) admitiu ter gravado a conversa. Segundo Silveira, "Bolsonaro ficou surpreso e não esperava que houvesse um grupo tão coeso articulado com o centrão". Silveira disse, ainda, que não divulgou a conversa, cuja gravação fora encaminhada por ele a outros deputados ligados ao presidente, incluindo seu filho e também deputado Eduardo Bolsonaro. "A gente tem que preservar o presidente", disse Silveira, defensor da permanência de Bolsonaro no PSL desde que o partido seja alinhado ao presidente da República.
Nesta quinta-feira, o presidente Bolsonaro sofreu duas importantes derrotas, em meio à crise deflagrada entre ele e o presidente nacional do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE). A primeira derrota foi a permanência do Delegado Waldir (GO) como líder do PSL na Câmara. Um dia antes, com a ajuda de Bolsonaro, aliados do Palácio do Planalto tentaram destituir Waldir do cargo e substituí-lo pelo deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente Bolsonaro.
Antes de confirmar a permanência de Waldir, a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara conferiu as assinaturas das três listas protocoladas na noite de quarta-feira, duas delas apresentadas pela ala bolsonarista do PSL. Segundo deputados, o presidente atuou pessoalmente para influir no processo.
Em outro capítulo da guerra aberta no PSL, Bivar destituiu Eduardo e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, dos comandos da legenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Outra aliada de Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) também foi removida da presidência do PSL do Distrito Federal.
Em um contragolpe, contrariado com o fato de a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) ter assinado a lista de apoio à manutenção de Delegado Waldir como líder do partido, Bolsonaro decidiu retirar a parlamentar da liderança do governo no Congresso. Ela deve ser substituída pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), que é vice-líder. 
 

DEM articula fusão com PSL pró-Luciano Bivar

A cúpula do DEM articula com o grupo político ligado ao presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), uma possível fusão entre os dois partidos. Na noite de terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), disse a líderes do centrão - bloco formado por DEM, PP, PL, Republicanos e Solidariedade - que, se o presidente Jair Bolsonaro sair mesmo do PSL, as negociações com a sigla comandada por Bivar podem avançar.
A "inconfidência" de Maia foi feita durante churrasco oferecido por ele ao deputado Alexandre Frota (SP), que comemorava 56 anos. Frota foi expulso do PSL em agosto, após criticar Bolsonaro, e se filiou ao PSDB. Na festa, ocorrida na residência oficial da Câmara, estavam integrantes do chamado "PSL bivarista", além de políticos de outros partidos.
As conversas com a direção do DEM começaram pouco antes de a crise entre Bolsonaro e o PSL vir a público. Um dos participantes desses encontros contou que Bivar já pressentia um "fim tumultuado" do relacionamento. O presidente, por sua vez, também já havia manifestado interesse de migrar para o DEM.
Em maio, na convenção do DEM, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que Bolsonaro mirava o DEM "com o olho de quem gostaria de voltar para a casa". Em 2005, quando era deputado, Bolsonaro foi filiado ao então PFL, hoje DEM. O partido tem três ministros - Saúde, Agricultura e Casa Civil.
Agora, porém, o grupo que está tratando da fusão é o de Bivar. A ala pró-Bolsonaro tenta destituir Bivar e seus aliados para comandar a legenda e os fundos partidário e eleitoral. Estão em jogo cerca de R$ 400 milhões de repasses públicos até 2020, ano de disputas municipais. A cifra pode chegar a R$ 1 bilhão até 2022, quando haverá eleição presidencial. Bolsonaro somente mudará de partido se a estratégia de "refundar" o PSL não vingar.
A crise anima o centrão. Com cerca de 230 dos 513 deputados, esse núcleo planeja criar dificuldades para Bolsonaro "patrocinar" a formação de outra legenda. O presidente do DEM, ACM Neto, não quis dar detalhes sobre as negociações para a fusão com o PSL de Bivar.