Após atrito, Bolsonaro tenta solução para deixar o PSL

Presidente quer evitar cassação de deputados e levar dinheiro do fundo

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Brazilian President Jair Bolsonaro gestures during the inauguration ceremony of Gustavo Montezano as the new president of the National Bank for Economic and Social Development (BNDES) in Brasilia on July 16, 2019. (Photo by EVARISTO SA / AFP) Caption
O presidente Jair Bolsonaro diz estar decidido a deixar o PSL, mas busca uma saída jurídica para desembarcar do partido. O recado foi dado por ele a deputados e advogados em reunião na tarde desta quarta-feira no Palácio do Planalto.
O anúncio de mudança de partido, contudo, não deve ser feito imediatamente. A equipe jurídica que assessora o presidente trabalha agora na construção de uma saída para evitar que os deputados aliados que queiram migrar de legenda com Bolsonaro percam seus mandatos por infidelidade partidária.
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Candidaturas-laranja deflagraram crise na legenda

O PSL enfrenta uma crise desde que foi atingido por suspeitas de candidaturas de laranjas, que já resultou na queda do ex-chefe da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno. O escândalo de candidatas femininas de fachada atinge não só o ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, mas também Bivar, presidente nacional da legenda. Álvaro Antônio foi alvo de denúncia pelo Ministério Público Federal na última sexta-feira. Bolsonaro cancelou na tarde desta quarta reunião com Álvaro Antônio sem apresentar justificativa - o encontro constava da agenda do presidente.

Presidente da República pode migrar para UDN ou Patriotas

Ainda não foi definido o futuro partidário do presidente Jair Bolsonaro, que está filiado ao PSL há menos de dois anos. As maiores legendas do país não querem recebê-lo porque veem nele uma tentativa de assumir o comando da agremiação à qual se vincular. A hipótese hoje considerada mais provável por aliados do presidente é a filiação dele à UDN, partido em fase final de criação na Justiça Eleitoral.
Bolsonaro deve se reunir até o início da semana que vem com Marcus Alves de Souza, dirigente nacional da legenda que resgata o nome do partido criado em 1945 como oposição a Getulio Vargas e que foi extinto em 1965, durante a ditadura.
A maior probabilidade é que Bolsonaro migre para uma sigla já existente. Diante disso, Bolsonaro deve ser abrigado em uma legenda pequena. Até o momento, partidos como o Patriota já demonstraram interesse em acolher o presidente. 
O presidente da sigla, Adilson Barroso, é favorável a esse movimento, mas encontra dificuldade interna na legenda. "São diversos desgastes e o presidente sempre levantou a bandeira da ética e da transparência. E exigia isso sempre dos dirigentes do partido. Mas foi muito difícil entrar em um acordo quando um partido não está disposto a abrir simplesmente uma votação democrática, seja para alteração de estatuto, seja para eleição de dirigentes. Então, ficou insustentável", disse a advogada do presidente Karina Kufa.
Desde que entrou na política, em 1989, Jair Bolsonaro foi filiado a cinco partidos diferentes. O presidente integrou o PP, o PTB, o PFL, o PSC e por fim, desde 2018, o PSL.