Acordo com UE abrirá mercados que não temos, diz Covatti

Apesar da potencial abertura de novos mercados ao Rio Grande do Sul, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), assinado em junho, demanda que o Estado se prepare para uma concorrência maior no comércio de produtos como vinho e leite, crê o secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho

Por Lívia Araújo

Secretário da Agricultura analisa possível fim da vacinação contra aftosa
Apesar da potencial abertura de novos mercados ao Rio Grande do Sul, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), assinado em junho, demanda que o Estado se prepare para uma concorrência maior no comércio de produtos como vinho e leite, crê o secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho (PP). "O custo de produção deles lá é bem mais barato que o nosso. Então, se colocar um vinho francês, por exemplo, a R$ 30,00 aqui, o nosso (vinho) de boa qualidade nunca vai ser R$ 30,00", exemplifica Covatti.
Quanto à tensão provocada pela troca de declarações entre os presidentes brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), e francês, Emmanuel Macron, o secretário minimizou os riscos de um hipotético cancelamento do acordo. "Se, hoje, a agricultura pode sofrer algum tipo de prejuízo, é bem pouco", afirmou Covatti, pontuando que o acordo não afeta mercados já consolidados para a agricultura gaúcha, como o chinês. Mas, alerta o secretário, "se houvesse uma declaração da Ásia (sobre interromper o comércio com o Brasil), aí iria dar um colapso total".
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JC - A fiscalização que existe hoje é suficiente para essas mudanças no licenciamento?
Covatti - A Fepam tem muitos profissionais. A parte de fiscalização tem bastante gente. O que nos falta, obviamente, isso em todas as áreas - meio ambiente, agricultura, infraestrutura -, é recurso para fazer qualificação, principalmente de infraestrutura e equipamentos. Aqui, da minha parte, cuidamos muito da defesa agropecuária. Essa questão da tuberculose, entrada de animais, toda essa parte. Temos um grande potencial de servidores que fazem essa defesa. Temos, agora, essa auditoria do Ministério da Agricultura para ver se o Estado pode se tornar livre de aftosa sem vacinação, que vai acontecer de 2 a 6 de setembro. Estamos fazendo toda uma mobilização entre os nossos funcionários para fazer a parte da defesa, para organizar tudo isso. Então temos todas condições. O gestor político tem que cuidar muito para que não haja nenhum tipo de ideologia impregnada na parte da fiscalização, na parte da defesa. Por isso que a gente, dentro da Secretaria da Agricultura, vai começar a fazer alguns seminários para fazer uma reciclagem das leis que estão sendo alteradas, tanto em Brasília quanto aqui, fazer essa harmonização. E também mudar. Porque o sentido da fiscalização tem que ser orientativa, não punitiva.

Perfil

Covatti Filho é o nome que Luis Antonio Franciscatto Covatti, 32 anos, adotou para a vida pública. Natural de Frederico Westphalen, na Região Norte do Estado, foi reeleito deputado federal para o seu segundo mandato em 2018. Na Câmara dos Deputados, presidiu a Comissão de Finanças e Tributação, e foi coordenador de Política Agrícola da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Foi o deputado federal gaúcho que mais apresentou projetos na área da agricultura e pecuária no mandato 2015-2018. Em suas ações políticas, destacam-se o apoio ao agronegócio e à agricultura familiar. Licenciou-se do mandato na Câmara dos Deputados para assumir o cargo de secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, a partir de 12 de fevereiro de 2019, na gestão de Eduardo Leite (PSDB).