Orçamento impositivo e 10 projetos irão a votação

Aprovada criação de transporte público com acessibilidade

Por Diego Nuñez

Vereadores realizaram reunião conjunta de comissões para acelerar tramitação de matérias
Uma reunião conjunta das principais comissões permanentes da Câmara Municipal de Porto Alegre acelerou a tramitação de 11 projetos de lei, que ficam aptos a serem votados pelos vereadores. Entre eles, propostas que estabelecem o orçamento impositivo no âmbito municipal e que permitem a construção de comércios com área superior a 2.500 m2 no setor alimentício.
À exemplo da esfera federal, na qual os senadores promulgaram ontem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 34 - aprovada no Senado em abril e na Câmara dos Deputados em junho, Porto Alegre pode ganhar sua própria versão do orçamento impositivo.
A proposta do vereador Cassio Trogildo (PTB), que recebeu parecer favorável na reunião conjunta de comissões, concederia uma emenda impositiva a cada um dos 36 vereadores da Capital, a qual a prefeitura ficaria obrigada a executar, no limite total de 0,65% do orçamento.
Isto é, caso a matéria seja aprovada, essa fatia de 0,65% da receita líquida do município seria dividida entre os 36 vereadores para aplicarem onde bem entendessem, com a imposição de 50% ser destinada à área da saúde, e a outra metade nos demais setores. No orçamento atual, cada vereador teria direito a escolher o destino de pouco mais de R$ 1,025 milhões das verbas públicas do município.
Atualmente, o orçamento é autorizativo - o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) é enviado à Câmara, onde tem suas diretrizes debatidas, mas a prefeitura pode gerir livremente onde aplicar os recursos públicos. Trogildo afirma que escolheu o percentual de 0,65, que hoje equivale a quase R$ 37 milhões, por ser semelhante ao valor devolvido pela Câmara à prefeitura, que no ano passado foi de em torno de R$ 39 milhões. Na União, o limite é de 1,2% do orçamento.
Também durante a sessão de ontem, foi aprovado um projeto que institui o Programa de Transporte Assistencial Acessível no Município de Porto Alegre. De iniciativa do vereador Paulo Brum (PTB), a proposta "visa a prestação do serviço de transporte público gratuito de pessoas com deficiência física que não possuam mobilidade e acessibilidade autônoma", como diz o texto da matéria.
De acordo com Brum, o objetivo é "atender aquelas pessoas com dificuldade de locomoção, deficientes físicos que usam cadeiras de rodas, que não conseguem ser atendidas pelo sistema de transporte convencional de Porto Alegre". O projeto aprovado não cria obrigações para a prefeitura.

Marchezan é alvo de terceiro pedido de impeachment

A presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Mônica Leal (PP), apregoou ontem o terceiro pedido de impeachment ao prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) em três anos de gestão.
A denúncia realizada pelo cobrador de ônibus Gerson Luis de Avila Assis, foi encaminhado à Procuradoria-Geral do Legislativo, que analisar os requisitos formais do processo e irá encaminhá-lo ao plenário, onde vereadores votaram pela admissibilidade do impedimento.
O documento acusa Marchezan de cometer o crime de prevaricação ao enviar à Câmara um projeto de lei que pretende retirar a obrigatoriedade do cobrador em ônibus que circulem entre as 22h e as 4h, domingos, feriados e em dias de passe livre.
A argumentação é de que o prefeito estaria "desrespeitando o legislado na Lei 8.133, ao autorizar duas empresas a prestarem o serviço de transporte coletivo regular sem a presença obrigatória de cobradores" e também afirma que "ele subtrai de uma única vez a função constitucional do Congresso Nacional de legislar sobre matéria trabalhista fazendo-se a vez de deputado federal e senador ao mesmo tempo", conforme consta no pedido de impeachment.