Veto à venda de álcool em estádios entra na pauta

Proposta aprovada no fim de 2018 recebeu negativa do governador

Por Bruna Suptitz

Para Giuseppe Riesgo, todos precisam compartilhar desse momento crítico nas contas públicas
A primeira sessão plenária da Assembleia Legislativa após o feriadão de Carnaval será na próxima terça-feira, dia 12, com a apreciação de vetos do governador Eduardo Leite (PSDB) a quatro projetos do Legislativo, dentre eles o que permitia a retomada da venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol no Rio Grande do Sul. Vetos do governador precisam de maioria absoluta, o que equivale 28 votos na Assembleia Legislativa, para serem derrubados.
Aprovada em dezembro do ano passado com o voto de 25 parlamentares, a proposta do ex-deputado Ciro Simoni e Gilmar Sossella, ambos do PDT, altera a Lei Estadual nº12.916/2008, que proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em estádios e ginásios de esportes. Pela proposta, a comercialização seria permitida no primeiro tempo das partidas até o intervalo, e após o fim dos jogos.
Ao vetar totalmente o texto, Leite afirmou se basear em pareceres da Secretaria de Segurança Pública, alegando que "uma eventual liberação de bebidas demandaria um aumento de efetivo (policial) nos jogos, algo que o governo não tem condições de arcar neste momento". O governador também ouviu argumentos do Ministério Público (MP) sobre a segurança nos estádios.
No ofício do veto, com seis páginas, o governador cita o Estatuto do Torcedor e justifica que cabe à União regrar a matéria e que ao Estado compete adaptar a norma geral às características locais. O texto da Lei Federal nº 12.299/2003 apresenta como condição para "acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo [...] não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência". Este é embasamento para a legislação vigente.
Para Simoni, é "hipocrisia dizer que a cerveja nos estádios causa problemas". Ele argumenta que a redução da "bagunça" durante jogos, principal argumento dos opositores da proposta, não se deve à proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, mas sim ao aumento da fiscalização do MP e dos próprios clubes.
Esse é o mesmo ponto sustentado pelo deputado Giuseppe Riesgo (Novo). Como os autores da proposta não fazem parte da atual legislatura na Assembleia, Riesgo, Fábio Ostermann (Novo) e Gaúcho da Geral (PSD) têm mobilizado parlamentares pela derrubada do veto de Leite. Para convencer os pares, o deputado do Novo tenta demonstrar que "não diminuiu a violência por conta do álcool, mas pelo maior monitoramento". Além disso, clubes menores, que dependem desses recursos para incrementar suas receitas, correm o risco de fechar, provocando demissões.
Outro argumento, que ele classifica como filosófico, é o direito de escolha do cidadão em um ambiente privado. "Uma pessoa não pode ser punida por conta de um pequeno grupo de baderneiros", diz. Ainda assim, entende que a permissão da venda dessas bebidas dentro dos estádios não resolve o problema da venda no entorno, ou então daqueles torcedores que já chegam bêbados aos estádios. Caso não alcance o objetivo de derrubar o veto, Riesgo cogita apresentar um projeto nessa linha, mas diz que essa não é sua prioridade.

Deputados retomam votações na semana que vem

Outros dois vetos totais e um veto parcial serão apreciados na sessão da próxima terça-feira, quando serão retomadas as votações na Assembleia Legislativa.
O veto a um projeto de lei de autoria da agora deputada federal Liziane Bayer (PSB), que eleva a classificação do Conselho Estadual de Trânsito, gerando uma gratificação maior aos seus participantes.
A justificativa do veto lembra que esta é uma prerrogativa privativa do governador. Além disso, ainda de acordo com a justificativa do veto, a proposta viola a Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual exige que toda geração de despesa seja acompanhada da estimativa de impacto financeiro.
Já a proposta do agora deputado federal Ronaldo Santini (PTB) de regulamentar a realização de feiras temporárias para a comercialização de mercadorias no varejo recebeu veto total sob a justificativa de inconstitucionalidade, por interferir em assuntos entendidos como sendo de competência dos municípios.
Também será apreciado o veto parcial ao Estatuto do Concurso Público, aprovado no fim do ano passado e já sancionado pelo governador Eduardo Leite (PSDB). De autoria do presidente da Assembleia, deputado Luís Augusto Lara (PTB), a proposta com mais de 100 artigos teve 23 itens, dentre artigos, parágrafos e incisos, vetados, sob alegação de inconstitucionalidade formal ou material, e conveniência administrativa.