Jair Bolsonaro é empossado como presidente do Brasil

Primeiro discurso tem aceno à base e ênfase ao livre mercado

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Brazil's new president Jair Bolsonaro (C) waves to supporters next to his wife Michelle Bolsonaro (L), after receiveing the presidential sash from outgoing Brazilian president Michel Temer, at Planalto Palace in Brasilia on January 1, 2019. - Bolsonaro takes office with promises to radically change the path taken by Latin America's biggest country by trashing decades of centre-left policies. (Photo by EVARISTO SA / AFP)
Em seu primeiro discurso como presidente, já empossado, Jair Bolsonaro (PSL) pregou um pacto com a sociedade e fez acenos à sua base eleitoral ao fazer críticas ao que chama de ideologias, Bolsonaro também defendeu união, reconstrução do País, compromisso com uma sociedade sem discriminação e falou em revigorar a democracia.
"Esses desafios só serão resolvidos mediante um verdadeiro pacto nacional entre a sociedade e os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na busca de novos caminhos para um novo Brasil. Uma de minhas prioridades é proteger e revigorar a democracia brasileira trabalhando arduamente para que ela deixe de ser apenas uma promessa formal e distante, e passe a ser um componente substancial e tangível da vida política brasileira com respeito ao Estado Democrático", disse.
Bolsonaro falou por 10 minutos em cerimônia no Congresso Nacional, após assinar o termo de posse. Seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB), também foi empossado. Ambos juraram cumprir a Constituição e as leis.
No discurso, Bolsonaro disse que seu governo realizará "reformas estruturantes que serão essenciais para a saúde financeira e a sustentabilidade das contas públicas", afirmou. "Na economia, traremos a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência. (...) As regras, os contratos e as propriedades serão respeitados."
O presidente disse que o setor agropecuário terá harmonia com a preservação do meio ambiente e que o setor produtivo como um todo será mais eficiente com menos regulamentação e burocracia.
Bolsonaro pregou contra a ideologia, colocando-a ao lado de outras mazelas, como corrupção e criminalidade. Ao falar em educação, defendeu que as escolas preparem os filhos "para o mercado de trabalho, e não para a militância política". Já em relação ao comércio exterior, prometeu não ter viés ideológico.
Também defendeu a posse de armas. "O cidadão de bem merece dispor de meios para se defender, respeitando o referendo de 2005, quando optou nas urnas pelo direito à legítima defesa", disse. Jair Bolsonaro prometeu que o País não gastará mais do que arrecada e que fará reformas, mas não mencionou a Previdência.

Ao receber faixa, Bolsonaro repete motes de campanha

Às 17h de ontem, o ex-presidente Michel Temer (MDB) transmitiu a faixa presidencial para o novo presidente, Jair Bolsonaro (PSL), que subiu a rampa do Palácio do Planalto acompanhado de sua mulher Michelle e do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). 
Em um discurso com vários acenos à base de eleitores que ajudou a elegê-lo e sem tocar no tema de união nacional, o presidente Bolsonaro disse que vai atender aos pedidos de mudança revelados pelas urnas e trabalhar para colocar o Brasil no "lugar de destaque que ele merece no mundo".
Do parlatório, o 38º presidente da República prometeu que vai lutar contra o modelo de governo de "conchavos e acertos políticos", e libertar a Nação "da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto".
Diante da ovação do público presente que o saudava a gritos de "mito", Bolsonaro, que chegou a fazer uma pausa e abanar uma bandeira do Brasil, falou em acabar com a ideologia que, em sua visão, "defende bandidos e criminaliza policiais", divide os brasileiros, é ensinada nas escolas e passou a guiar as relações internacionais.
"Me coloco diante da Nação no dia em que o povo começou a se libertar do socialismo", disse o presidente. "Guiados pela Constituição, com a ajuda de Deus, a mudança será possível", disse o eleito, citando o baixo orçamento de sua campanha eleitoral como uma prova de que as mudanças já começaram a ocorrer.
Em um último aceno à sua base eleitoral, Bolsonaro - que novamente citou o ataque sofrido durante a corrida eleitoral e a providência divina que o teria salvado - voltou a usar um slogan de campanha. "Nossa bandeira jamais será vermelha. Só será se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela", disse.
Em uma quebra de protocolo, a primeira-dama Michelle Bolsonaro discursou no parlatório antes do marido. Ela pronunciou seu discurso em libras, a língua de sinais brasileira, sendo traduzida por uma intérprete, em um aceno às pessoas com deficiência, que, segundo ela, terão atenção especial neste governo.