Reino Unido apresenta projeto para mudar regra do Brexit e irrita União Europeia

A lei, se aprovada, isentaria produtos britânicos de passarem por controles alfandegários no comércio com a Irlanda do Norte

Por Folhapress

Objetivo é facilitar o comércio entre a Grã-Bretanha e o território norte-irlandês
O governo britânico apresentou nesta segunda-feira (13) um projeto de lei para modificar unilateralmente o chamado Protocolo da Irlanda do Norte, uma das partes mais controversas do Brexit, com o objetivo de facilitar o comércio entre a Grã-Bretanha e o território norte-irlandês. A proposta irritou autoridades da União Europeia (UE), que ameaçam represálias.
A lei, se aprovada, isentaria produtos britânicos de passarem por controles alfandegários no comércio com a Irlanda do Norte, acabaria com impostos e daria ao governo de Boris Johnson outros poderes para alterar o protocolo, negociado para evitar uma fronteira dura - com posto de controles e checagens -dentro da ilha irlandesa. Sem o acordo, seria preciso criar uma barreira de inspeções, já que a República da Irlanda pertence à União Europeia, e o território norte-irlandês, ao Reino Unido.
O projeto evidencia discordâncias entre a União Europeia e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Autoridades do bloco denunciaram o que seria uma violação de um acordo internacional. O primeiro-ministro disse que as mudanças são legais e "relativamente triviais". Johnson, que sobreviveu a um voto de desconfiança na semana passada, prometeu um pacote de medidas econômicas em uma tentativa de fortalecer sua liderança à frente do país e recuperar o apoio em seu Partido Conservador.
Nesta segunda, a ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, afirmou que a nova lei "dará fim a uma situação insustentável" na qual os habitantes da Irlanda do Norte são tratados de forma diferente do resto do Reino Unido. Ela reiterou que Londres permanece aberta a negociações, mas com a condição de que a UE aceite mudanças "profundas" no protocolo.
A UE tem-se mostrado disposta a fazer ajustes no acordo, mas as conversas entre as partes não avançam. Autoridades europeias advertem que, se Londres levar seu plano adiante, "deverão responder com todas as medidas disponíveis".