Fim da 'Covid zero' na China poderia causar 1,5 milhão de mortes, diz pesquisa

Pesquisadores afirmaram que o número de vítimas poderia ser muito reduzido se houvesse foco na vacinação

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A police officer wearing personal protective equipment (PPE) carries food and daily supplies that will be distributed to residents at a restricted residental area due to the spread of the Covid-19 coronavirus in Manzhouli in China's northern Inner Mongolia region on March 15, 2022. (Photo by AFP) / China OUT
A China pode colocar a vida de mais de 1,5 milhão de pessoas em risco se abandonar sua dura política de "Covid zero" sem tomar medidas extras - como a ampliação da vacinação e do acesso a tratamentos -, afirmam cientistas chineses e norte-americanos com base em novos modelos estatísticos.
O artigo foi escrito por cientistas da Universidade Fudan, de Xangai, com o apoio de pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, e publicado na terça-feira (10) na revista Nature Medicine.
Com base em dados mundiais coletados sobre a gravidade da variante Ômicron, eles preveem que, com o fim da política restritiva, o pico de demanda por terapia hospitalar intensiva ultrapassaria em mais de 15 vezes a capacidade do sistema de saúde chinês, o que levaria a cerca de 1,5 milhão de mortes.
No entanto, os pesquisadores afirmaram que o número de vítimas poderia ser muito reduzido se houvesse foco na vacinação - apenas cerca de 50% dos maiores de 80 anos na China foram vacinados -, no fornecimento de antivirais e na manutenção de algumas restrições.
"A disponibilidade de vacinas e remédios oferece uma oportunidade de se afastar da 'Covid zero'. Não consigo imaginar o que estão esperando", disse Ben Cowling, epidemiologista da Universidade de Hong Kong familiarizado com o estudo, à agência de notícias Reuters. A transição, na visão dele, deve ser gradual.
 

Bloqueio de grandes áreas residenciais

O regime chinês segue com sua política de tolerância zero, afirmando que a abordagem continua sendo essencial para derrotar a pandemia e ganhar tempo para outras medidas de mitigação. A China manteve a estratégia mesmo quando a maioria dos países já havia mudado de estratégia, preferindo conviver com o vírus para poder reabrir a economia e restaurar as liberdades pessoais.
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