Excalibur, a munição dos EUA que pode ajudar a Ucrânia contra blindados da Rússia

Até agora, já foram transferidos às forças de Kiev, 18 unidades com 40 mil projéteis

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This handout photo courtesy of the US Marine Corps obtained on April 27, 2022 shows a US Marine Corps M777 towed 155 mm howitzer is loaded into the back of a US Air Force C-17 Globemaster III aircraft at March Air Reserve Base, California, April 23, 2022. - The howitzers are part of the United States’ efforts, alongside allies and partners, to identify and provide Ukraine with additional capabilities. (Photo by Cpl. Austin Fraley / US MARINE CORPS / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / US MARINE CORPS / Cpl. Austin Fraley " - NO MARKETING - NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS
No século V, a "Excalibur", a espada do rei Arthur, tinha o poder de queimar os olhos e cegar o inimigo no campo de batalha. Cerca de 1.600 anos depois, Excalibur, a munição de canhões pesados fornecida pelos EUA ao Exército da Ucrânia, pode mais. Pode cruzar o céu por até 40 km para destruir concentrações de blindados, um posto de comando ou um núcleo de tropas em movimento. É capaz de atingir depósitos de suprimentos e de levar o fogo aos tanques de estocagem de combustíveis.
Excalibur, o projétil de artilharia, faz magia tecnológica: disparado como uma granada de canhão, em seguida abre pequenas asas estabilizadoras, segue as coordenadas programadas no GPS de bordo e chega ao destino transformado em míssil.
Além do propelente químico convencional, usa um foguete miniaturizado para acelerar a 2.970 km/hora no final da trajetória. Isso dura pouco. Mas é o tempo suficiente para ajustar a precisão.
O erro em relação ao ponto de impacto é inferior a 4 metros. Quase sempre não passa de 3 metros. É o diferencial: reduzir os danos colaterais.
O canhão entregue aos ucranianos é o M777, de 155 mm, o padrão do arsenal dos marines norte-americanos. Até agora, já foram transferidos às forças de Kiev, 18 unidades com 40 mil projéteis. Entre as cerca de 2.200 munições simples destinadas a cada canhão, há perto de 150 cargas da classe Excalibur.
O preço dessas, por unidade, é de US$ 68 mil, segundo o setor de compras do Pentágono. O pacote todo é parte da ajuda de US$ 800 milhões dos EUA ao esforço de guerra da Ucrânia.
Os canhões obuseiros, pesam 4,2 toneladas, medem 10 metros e são operados por 8 artilheiros. As granadas comuns de 155mm tem abrangência de 23 km a 30 km. Pesam 45 kg com 22 kg de explosivos de alta potência. A cadência de tiro é de 2 a 4 disparos por minuto, sob controle de um computador.
Os M777 chegaram na semana passada, "em um terminal fora da Ucrânia", de acordo com o Pentágono, entre os dias 19 e 20, a bordo de imensos cargueiros C-17. Foram então levados para uma instalação, não revelada, onde um grupo de militares ucranianos está sendo treinado para operar o equipamento. São instrutores, que depois vão preparar um efetivo maior.
O ciclo exige apenas 56 horas de ensaios. A maior dificuldade é a mudança de especificação. A artilharia ucraniana usa obuses moveis russos MsTA com granadas de 152mm.
Na reunião do presidente Volodmir Zelensky com os secretários norte-americanos de Estado, Antony Blinken, e da Defesa, general Lloyd Austin, o clima estava tenso. A viagem dos altos dirigentes foi cercada de sigilo e cuidados extremos. O voo só foi confirmado depois do pouso. Onde? Talvez na Polônia. Ou na Romênia.
Blinken disse que do avião até Kiev o percurso foi feito de trem. Austin comentou que o avião foi escoltado por caças em vários momentos.
A segurança dos secretários teria sido reforçada por um time dos supersoldados Seal, da Marinha dos Estados Unidos, um dos melhores grupos combatentes do mundo. Não houve confirmação. Nem desmentido.
O encontro discutiu o reforço de US$ 700 milhões em armamento e material variado. Acabou ficando em US$ 300 milhões. Mais adiante o restante será negociado.