Segundo interlocutores, os mecanismos de supervisão voltados para os russos são centrados nos bancos de dados que contêm informações que podem ser usadas para fins políticos, entre eles o chamado sistema de difusão --que permite que um país-membro solicite informações a outro governo sobre indivíduos e fatos relacionados a crimes; também é a ferramenta pela qual a Interpol inclui um suspeito numa lista internacional de procurados.
Além da pressão diplomática, a guerra trouxe outros reflexos no trabalho da entidade. As autoridades ucranianas anunciaram a desconexão temporária do país dos sistemas da aliança, justamente por considerar que, no momento, não podiam mais garantir a segurança das informações sob responsabilidade da polícia do país.
O governo de Jair Bolsonaro (PL) --que visitou Vladimir Putin dias antes de o conflito estourar-- tem resistido à estratégia americana de promover o isolamento da Rússia em diferentes organismos internacionais. A visão brasileira é que a crise na Ucrânia deveria ser discutida principalmente nas Nações Unidas, no âmbito do Conselho de Segurança e da Assembleia-Geral --na qual duas resoluções condenando a ação russa já foram aprovadas, ambas com apoio brasileiro.
O receio de autoridades no governo é que a ofensiva diplomática contra Putin prejudique a cooperação em fóruns internacionais que normalmente não tratam de temas de paz e segurança internacional. Outro temor envolve possíveis impactos na economia, notadamente no comércio de fertilizantes.