Guerra na Ucrânia: entenda o conflito e como afeta o Brasil

A movimentação de tropas na fronteira entre Rússia e Ucrânia pôs o mundo em alerta

Por Agência Brasil

A Ukrainian serviceman rides atop a military vehicle past Independence square in central Kyiv on February 24, 2022. - Air raid sirens rang out in downtown Kyiv today as cities across Ukraine were hit with what Ukrainian officials said were Russian missile strikes and artillery. Russian President announced a military operation in Ukraine on February 24, 2022, with explosions heard soon after across the country and its foreign minister warning a "full-scale invasion" was underway. (Photo by Daniel LEAL / AFP)
A movimentação de tropas na fronteira entre Rússia e Ucrânia e deflagração da guerra nesta quinta-feira (24)  pôs o mundo em alerta. Num contexto mais recente, o conflito recupera disputas ocorridas em 2014, quando o território da Crimeia, península ucraniana, foi incorporado à Rússia.
Há, no entanto, dimensões geopolíticas e históricas relacionadas ao confronto, que remontam à Guerra Fria. Pesquisadores explicam a seguir as raízes e os possíveis desdobramentos da situação no Leste Europeu.
“É uma questão basicamente de geopolítica, mexendo com o tabuleiro de xadrez da política internacional. É como se fosse um triângulo com três vértices: de um lado a Rússia, do outro lado os Estados Unidos e o terceiro vértice seria a Europa propriamente dita. E, no meio de toda esta confusão, está um país relativamente pequeno, que é a Ucrânia”, resume o professor aposentado de História Contemporânea Antônio Barbosa, da Universidade de Brasília (UnB).
Ele aponta que as movimentações de Vladimir Putin, presidente russo, têm a ver com o propósito de mostrar para o mundo que o país “continua no jogo das grandes potências”. Barbosa lembra que, com o fim da União Soviética, em 1991, nos anos que se seguiram, o poder mundial aparente estava concentrado nas mãos dos Estados Unidos.
“Putin está conseguindo mostrar que, apesar de a União Soviética não existir mais, de ter perdido o controle sobre os países do Leste Europeu, a Rússia continua sendo uma grande potência, inclusive mantendo intacto o seu arsenal nuclear”, analisa.
O professor Maurício Santoro, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), concorda que “a causa última de todos esses conflitos envolvendo a Ucrânia é definir qual é a esfera de influência da Rússia, dos Estados Unidos e da União Europeia no Leste da Europa”.
Bolsonaro visitou e se reuniu com Putin em meio ao aumento da tensão na região
Santoro lembra que a região leste da Europa não é comercialmente relevante para o Brasil.
“Nós não temos nenhum grande interesse nacional diretamente envolvido na Ucrânia, nessas disputas de fronteira. Agora nós somos afetados pelos impactos para a economia global de tudo que está acontecendo ali”, aponta. Para ele, o Brasil deve manter uma postura diplomática mediadora e de busca de soluções pacíficas.
O professor de relações internacionais, no entanto, levanta dois aspectos que podem mudar o cenário em relação à posição brasileira. Uma delas é o fato de que o Brasil voltou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o tema deverá ser debatido, o país terá que se posicionar.
“A segunda razão é porque o Bolsonaro está de viagem marcada para a Rússia. Uma viagem que já tinha sido planejada antes do conflito atual, mas ele vai chegar na Rússia no momento de grandes tensões”, destaca.