EUA rejeita proposta da Rússia para dar fim à crise na Ucrânia

Governo Joe Biden afirma que resolução do impasse depende de Putin

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Blinken não deu detalhes sobre o documento entregue a Lavrov
Os Estados Unidos rejeitaram formalmente as propostas russas para tentar solucionar a crise com a Ucrânia nos termos desejados por Vladimir Putin. Afirmam que guerra ou paz no país europeu agora depende da reação do russo, e que estão "preparados de qualquer jeito".
As afirmações foram feitas pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em entrevista em Washington. Ele não detalhou o documento entregue a seu colega russo, Serguei Lavrov, porque confia em "conversas confidenciais". Em um sinal de que diz temer um conflito iminente,

Casa Branca está comprometida em ajudar o governo de Kiev

Os EUA já deixaram claro várias vezes que estão comprometidos em ajudar Kiev a se defender. Na prática, isso poderia aumentar a fatura para Putin, mas não impedir uma vitória ao menos inicial de Moscou - ainda que ocupar seja uma coisa, como disse Maquiavel, e manter território, outra.
No Kremlin, o porta-voz Dmitri Peskov disse que, a ameaça do governo de Joe Biden de aplicar
 

Otan sugere restabelecer laços diplomáticos com a Rússia

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, deu uma estocada em Putin após a fala de Blinken. Disse à rede CNN elogiar a disposição dos EUA para o diálogo, mas lembrou que a Rússia deveria retirar suas tropas de solo ucraniano, georgiano e moldavo - onde apoia um encrave separatista.
O mesmo Stoltenberg, por outro lado, afirmou que Rússia e Otan deveriam restabelecer laços diplomáticos para abrir canais de negociação. Isso pode ser vendido em Moscou como uma vitória também, ao menos ao público doméstico.
Radicais de lado a lado deram a cara. O líder do Rússia Unida, o partido de sustentação de Putin no Parlamento, pediu que o Kremlin forneça armas para os rebeldes do Donbass, por exemplo.
Politicamente, Putin até aqui conseguiu um objetivo secundário na crise, que é o de expor as divisões internas dos membros europeus da Otan.
A Alemanha, maior cliente do gás russo na Europa, tem adotado uma linha ambígua na crise. Com um governo recém-eleito, o país viu o comandante de sua Marinha ter de se demitir por dizer que Putin era uma força respeitável e que a Crimeia nunca mais voltaria à Ucrânia.
No Parlamento Europeu, uma sessão nesta quarta-feira questionou, segundo relatos, a instalação de uma missão de treinamento militar da União Europeia na Ucrânia, liderada pela Alemanha. Berlim ainda não assumiu a tarefa.
O governo alemão tem um dos maiores instrumentos para pressionar Putin: a autorização de funcionamento do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia ao país. Ele ficou pronto em setembro, e quando operar poderá tirar boa parte do fluxo do produto que hoje passa pela Ucrânia - deixando US$ 2 bilhões anuais de pedágio. Blinken queixou-se da transformação da commodity em arma de guerra, e voltou a prometer opções de fornecimento à Europa.