Pedro Castillo toma posse no Peru, mas não anuncia composição dos ministérios

Novo presidente peruano assume país tendo que lidar com divisões internas dentro de seu partido, o Perú Libre

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Em discurso, Castillo disse que pretende elaborar uma nova Constituição
O presidente Pedro Castillo tomou posse no Peru na tarde desta quarta-feira (28), em Lima, sem anunciar quem serão seus ministros. Após vários dias de expectativa, o mandatário decidiu que a cerimônia se resumiria a seu juramento, à recepção dos chefes de Estado estrangeiros e à comemoração dos 200 anos da independência do Peru.
O primeiro-ministro, cujo nome ainda não é conhecido, prestará juramento apenas na quinta-feira (29), numa cerimônia na cidade histórica de Ayacucho. Os ministros só o farão na sexta-feira (30). O Peru adota um sistema presidencialista com elementos do parlamentarismo. Nesse caso, o premiê tem o papel de chefe de gabinete.
A demora da proclamação ministerial se deve a divisões internas dentro do partido governista, Perú Libre. Há uma divisão entre os que querem um ministério com forte presença da agrupação de esquerda e os que se inclinam a um gabinete moderado e com representantes de distintas forças políticas.
Castillo sinalizou que esta segunda opção lhe agrada mais, e que também deseja buscar nomes técnicos para algumas pastas. O presidente de seu partido, Vladimir Cerrón, porém, mantém controle de várias decisões internas e tem uma postura ideológica mais radical, próxima ao chavismo. Cerrón estaria pressionando Castillo para um ministério mais ideológico.
Castillo começou seu discurso fazendo agradecimento aos povos originários e afroperuanos, afirmou que é "um orgulho e uma honra" ter

Francisco Segasti deixa a presidência do Peru com popularidade de 51%

A cerimônia de posse começou pela manhã, com uma missa, na qual esteve presente o presidente que deixa o cargo, Francisco Sagasti. Ele depois se encaminhou para o Congresso, onde foi homenageado pelas Forças Armadas e entregou a faixa presidencial para a presidente do Congresso, María del Carmen Alva, do partido Ação Popular (centro-direita).
Sagasti agradeceu os aplausos e saiu do palácio legislativo sorrindo. Diferentemente de mandatários anteriores, ele deixa a presidência com uma popularidade alta para os padrões peruanos, de 51% (segundo o Instituto de Estudos Peruanos).
Tendo ficado no poder apenas oito meses, Sagasti deu estabilidade a um mandato conturbado e conseguiu fechar contratos para a aquisição de mais de 68 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus. Um dos países mais impactados pelo vírus na região, o Peru começou a ver seus casos baixarem. Segundo as pesquisas, sua alta popularidade está relacionada principalmente a suas políticas de combate à pandemia.
Todos os passos do evento de posse foram marcados por muita pompa e suntuosidade, por conta da data festiva para a qual os peruanos estavam se preparando havia meses. Em 28 de julho de 1821, o general argentino José de San Martín, após chegar a Lima com seu exército, proclamou a independência do país. A data é feriado nacional.
Estiveram presentes na cerimônia os presidentes Guillermo Lasso (Equador), Iván Duque (Colômbia), Alberto Fernández (Argentina), Sebastián Piñera (Chile), Luis Arce (Bolívia) e o rei Felipe 6º, da Espanha. O Brasil foi representado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão.
Castillo venceu o segundo turno das eleições peruanas no último dia 6 de junho, contra a candidata Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que se encontra preso por crimes de corrupção e crimes contra a humanidade.
Professor de escola primária em Cajamarca, Castillo foi escolhido para representar o Perú Libre depois de a justiça eleitoral impedir seu padrinho político, Vladimir Cerrón, de competir.
Cerrón, ex-governador de Junín, foi condenado por corrupção e escolheu Castillo como cabeça de chapa. Uma das incógnitas deste princípio de gestão é se Cerrón será uma presença importante nas decisões do novo presidente, ou se irá preso devido aos processos de corrupção. Na noite anterior à posse, Cerrón jantou com o ex-presidente boliviano Evo Morales, seu amigo, que também acompanhou a cerimônia, em Lima.