Decisão dos EUA faz mundo discutir quebra de patente de vacinas contra a Covid-19

Decisões na OMC devem ocorrer por consenso, podendo qualquer país adiar a resolução

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Quebra de patente não aumentará produção, segundo farmacêuticas
Ativistas aplaudiram, grandes empresas farmacêuticas reclamaram e líderes do governo avaliavam, nesta quinta-feira (6), seus próximos passos,

Indústria diz que flexibilização da propriedade intelectual fará mais mal do que bem

A indústria também diz que uma flexibilização da propriedade intelectual fará mais mal do que bem a longo prazo, ao reduzir os incentivos que levam os inovadores a dar saltos tremendos, como fizeram com as vacinas que foram produzidas em uma velocidade alucinante e sem precedentes para ajudar a combater a Covid-19.
Mas a sociedade civil, grupos progressistas e instituições internacionais estavam eufóricos com a nova postura do governo Biden, que marca uma reversão quase completa na política dos EUA sob o governo de Donald Trump, que criticava tanto a OMC quanto a Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Uma renúncia de patentes para vacinas e medicamentos contra covid-19 poderia mudar o jogo para a África, desbloqueando milhões de doses de vacina e salvando inúmeras vidas. Louvamos a liderança demonstrada por África do Sul, Índia e Estados Unidos, e pedimos que outros apoiem eles", tuitou o chefe da OMS para a África, Matshidiso Moeti.
A Médicos Sem Fronteiras disse que muitos países de baixa renda onde opera receberam apenas 0,3% do fornecimento global de vacinas contra o coronavírus. "MSF aplaude a decisão ousada do governo dos EUA de apoiar a renúncia à propriedade intelectual durante este tempo de necessidade global sem precedentes", disse Avril Benoit, diretora executiva da MSF nos Estados Unidos. Ela disse que qualquer isenção deve ser aplicada não apenas a vacinas, mas a outras inovações médicas para Covid-19, incluindo tratamentos para pessoas infectadas e sistemas de teste.
O movimento para apoiar a dispensa de proteções de propriedade intelectual sobre vacinas de acordo com as regras da OMC marcou uma mudança drástica para os EUA, que anteriormente haviam se aliado a muitas outras nações desenvolvidas que se opunham à ideia lançada pela Índia e África do Sul.
Em negociações a portas fechadas na OMC nos últimos meses, Austrália, Reino Unido, Canadá, UE, Japão, Noruega, Cingapura e Estados Unidos se opuseram à ideia de renúncia, de acordo com uma autoridade comercial sediada em Genebra, que falou sob condição de anonimato porque não foi autorizado a discutir o assunto publicamente.