UE sanciona a China por violar direitos humanos

Ação do bloco ocorre pela 1ª vez desde o Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, e foi seguida pelos EUA

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Ontem, Nova York teve protestos pela liberdade do povo uigure
A União Europeia (UE) impôs sanções à China devido a violações de direitos humanos em Xinjiang. Trata-se da primeira vez que o bloco determina punições do tipo contra o país asiático em mais de 30 anos. Horas depois, os Estados Unidos anunciaram medidas similares e protestos foram registrados em Nova York pela liberdade do povo uigure.
A China é criticada internacionalmente por manter uigures detidos em enormes centros de detenção. Em 2018, uma equipe da ONU recebeu denúncias de que ao menos 1 milhão de uigures e de outras minorias muçulmanas estavam detidas em Xinjiang e disse ter provas factíveis disso. Outro estudo, divulgado em setembro de 2020, aponta a existência de 380 campos de detenção.
Pequim nega as acusações de abusos e diz que os locais são espaços de reeducação, voltados a combater o extremismo e a ensinar novas habilidades. Os uigures enfrentam, há três anos, uma campanha abrangente para transformá-los em seguidores obedientes do Partido Comunista, enfraquecer o compromisso com o islã e transferi-los de fazendas para fábricas.
Aldeias e cidades de Xinjiang estão cercadas por grandes postos de controle da polícia, que usam scanners de reconhecimento facial para registrar as pessoas que circulam na área. Também há registros de que os uigures são rastreados via telefone celular.

Bloco debate relações com a Turquia e pune autoridades de Mianmar

Nesta segunda, a UE também determinou sanções contra autoridades de Mianmar, incluindo o general Min Aung Hlang, chefe da junta militar que deu um golpe de Estado em 1º de fevereiro. Min foi acusado de ser "responsável por sabotar a democracia e o Estado de Direito em Miamar". Além dele, mais dez autoridades do país foram sancionadas por envolvimento no golpe.
O bloco também debate suas relações com a Turquia. Após um ano de tensões, as relações estavam se restabelecendo neste começo de 2021. Na semana passada, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tiveram uma videoconferência com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
No entanto, após esse encontro, a Turquia anunciou sua retirada da Convenção de Istambul. O acordo, de 2011, obriga governos a adotar legislação que pune a violência doméstica e o abuso contra as mulheres.
A Turquia também é questionada devido a uma recente tentativa judicial de cercear a atuação do Partido Democrático do Povo (HDP), pró-curdo e o segundo maior da oposição turca. Ao chegar à reunião em Bruxelas nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, criticou o que chamou de "luzes e sombras" na Turquia. "Os eventos que acabamos de testemunhar nos últimos dias, o desejo de proibir o HDP e a retirada da Convenção de Istambul são maus sinais", assinalou.