Pandemia de coronavírus eleva pobreza na América Latina em 2020

Número de pessoas pobres na região subiu para 209 milhões, 22 milhões a mais do que em 2019

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Pobreza em zonas rurais ficou mais exacerbada com a Covid-19
A pandemia da Covid-19 levou ao
O relatório ressalta que a adoção de medidas de proteção social, como o auxílio emergencial no Brasil, ajudou a evitar um maior aumento da pobreza e a pobreza extrema na região. A Cepal destaca que a implementação de 263 medidas de proteção social de emergência nos países da região em 2020 atingiram cerca de 84 milhões de domicílios ou 326 milhões de pessoas, o que representa 49,4% da população latino-americana. Sem medidas protetivas, a incidência da extrema pobreza teria atingido 15,8% e a da pobreza, 37,2%.
Conforme a Cepal, a América Latina registrou no ano passado queda de 7,7% no Produto Interno Bruto (PIB). A retração trouxe forte impacto nas empresas, com fechamento de 2,7 milhões de empreendimentos e, consequentemente, no mercado de trabalho.
Em 2020, a taxa de desocupação regional situou-se em 10,7%, o que representa aumento de 2,6 pontos percentuais em relação ao total registrado em 2019, quando ficou em 8,1%.

Lacunas estruturais estão em maior evidência

Na avaliação da Cepal, a pandemia evidenciou ainda mais a persistência da pobreza em determinados grupos populacionais, especialmente nas zonas rurais, como crianças e adolescentes, indígenas e afrodescendentes, além da população com mais baixos níveis de educação. "Não há dúvida de que os custos da desigualdade se tornaram insustentáveis e que é necessário reconstruir com igualdade e sustentabilidade, apontando para a criação de um Estado de bem-estar, tarefa há muito adiada na região", disse Alicia.
Segundo a Cepal, a proteção social universal deve ser o pilar central desse Estado de bem-estar. A comissão recomenda medidas como a continuidade das transferências de emergência e a garantia de uma renda básica universal no médio e longo prazos.