Tribunal da ONU: Hezbollah e Síria não participaram de atentado contra o então premiê libanês Rafic Hariri

Veredito foi adiado por quase duas semanas em sinal de respeito às vítimas da explosão devastadora na região portuária de Beirute

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Tribunal Especial da ONU também negou atuação da Síria na ação
Não há evidência de que líderes do grupo xiita Hezbollah ou o governo da Síria tenham envolvimento na morte do ex-primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, vítima de um atentado a bomba em 2005. É isso que decidiu o Tribunal Especial da ONU para o Líbano durante a leitura do veredito do julgamento de quatro extremistas do grupo xiita nesta terça-feira (18), em Leidschendam, na Holanda. Antes de a sessão começar, o juiz presidente David Re pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da tragédia, que matou ao menos 200 pessoas e deixou mais de 6 mil feridos e milhares de desabrigados, ocorreu na mesma semana em que o tribunal apresentaria sua sentença.

O atentado que fez o Líbano tremer

O atentado contra o ex-premiê Rafic Hariri é para muitos libaneses o equivalente ao assassinato de John F. Kennedy para os norte-americanos. O bilionário sunita, que encarnava a era da reconstrução após a Guerra Civil (1975-1990), morreu na explosão de um carro-bomba na passagem de seu comboio blindado.
A explosão provocou uma bola de fogo em Beirute. As chamas alcançaram vários metros de altura e as janelas de prédios nos arredores quebraram em um raio de meio quilômetro.
O homem-bomba ao volante de uma caminhonete branca carregada com duas toneladas de explosivos estacionou estrategicamente para esperar o comboio, que havia acabado de sair do Parlamento e seguia para a residência de Hariri. Às 12h55min, o detonador foi ativado, um segundo após a passagem do terceiro veículo, um Mercedes S600 dirigido pelo próprio premiê.
Muitas pessoas pensaram que era um terremoto. Beirute inteira ouviu ou sentiu a explosão, que deixou uma cratera de 10 metros de diâmetro e 2 metros de profundidade. As notícias não demoraram a chegar. Hariri, que se juntou à oposição em 2004, estava entre os 22 mortos. Os guarda-costas também morreram. O estrago foi de tal magnitude que levou 17 dias para que o corpo de uma das vítimas fosse encontrado.