Em ação mediada pelos EUA, Israel estabelece laços com Emirados e suspende anexação da Cisjordânia

Em protesto pela medida, Autoridade Palestina convocou para consultas seu embaixador em Abu Dhabi e pediu reunião de emergência da Liga Árabe

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Prédio da prefeitura de Tel Aviv foi iluminado com as cores da bandeira dos Emirados Árabes Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta quinta-feira (13), que Israel estabelecerá "a normalização total das relações" com os Emirados Árabes Unidos e que renunciará, por enquanto, aos planos de anexar o território ocupado da Cisjordânia para se concentrar em melhorar seus laços com o restante dos países árabes.
Israel não tinha, até agora, relações diplomáticas com países do Golfo Pérsico, e os recentes anúncios de anexação de parte da Cisjordânia eram encarados como um empecilho para a regularização dos laços entre os países, apesar da ameaça comum que ambos sofrem, que é o aumento da influência regional do Irã.
A Autoridade Palestina convocou para consultas seu embaixador em Abu Dhabi, em protesto pela medida. Os palestinos também pediram uma reunião de emergência da Liga Árabe. Em um comunicado, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, rejeitou o acordo trilateral e disse que ele representava uma traição a "Jerusalém, a Al-Aqsa e à causa palestina".
Desde os anos 1990, israelenses e palestinos mantiveram várias negociações para tentar alcançar um acordo de paz. Entre os principais pontos de atrito está o fato de Israel rejeitar o retorno dos refugiados palestinos e o debate sobre a cidade sagrada de Jerusalém. Os palestinos desejam o lado oriental como a capital de seu futuro Estado, mas Israel considera toda Jerusalém sua capital - status não reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Esse será o terceiro acordo de Israel estabelecendo relações diplomáticas com um país árabe desde a declaração de independência, em 1948. O Egito assinou um acordo de paz com Israel em 1979 e a Jordânia em 1994.
O governo jordaniano afirmou que o acordo diplomático entre Israel e os Emirados somente trará a paz para a região se for um incentivo "para acabar com a ocupação israelense dos territórios palestinos" e se levar à criação de um Estado independente para eles nas terras que Israel ocupou em 1967.
Um assessor especial do Parlamento do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, disse no Twitter que a medida "assegurará os crimes sionistas". "O comportamento de Abu Dhabi não tem justificativa, virou as costas à causa palestina. (É) um erro de estratégia", tuitou o ex-vice-chanceler iraniano.
Israel vinha tentando se aproximar de vários países do Golfo Pérsico, incluindo uma cooperação com os Emirados Árabes Unidos por causa da pandemia do novo coronavírus.
Netanyahu declarou, no ano passado, que Israel já não era considerado inimigo pela maioria dos países árabes, mas sim "um aliado" indispensável contra o Irã. Recentemente houve uma aproximação maior entre os países, com sinalização de uma aproximação - um avião da Emirates com ajuda para o combate à covid-19 aterrissou em Tel-Aviv, em maio, e Netanyahu visitou Omã pela primeira vez no começo do ano.
O analista político Aaron David Miller, que participou em várias negociações entre israelenses e palestinos patrocinadas pelos EUA, elogiou o acordo. "Netanyahu, Emirados Árabes Unidos e o governo Trump transformaram uma necessidade numa vantagem e numa vitória para os três. Os Emirados dizem que impediram a anexação, os EUA também e, assim, conseguem um grande avanço. Já Netanyahu consegue uma enorme vantagem e liberta-se da armadilha da anexação", escreveu Miller em sua conta no Twitter.

Suspensão da anexação da Cisjordânia é passo histórico para reduzir tensões no Oriente Médio

"Como resultado deste avanço diplomático e a pedido do presidente Trump, com o apoio dos Emirados Árabes Unidos, Israel suspenderá a declaração de soberania sobre as áreas delineadas no