Em meio a crises na saúde e na política, Bolívia estabelece data limite para eleições presidenciais

Pleito deve ocorrer em 18 de outubro, quase um ano depois da eleição original, anulada por suspeita de fraude

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Adiamento das eleições tem sido a causa de protestos e fechamentos de estradas nas últimas semanas
O Senado boliviano aprovou, na madrugada desta quinta-feira (13), o projeto de lei de postergação das eleições, apresentado pelo Tribunal Eleitoral do país. A votação, que já tinha sido adiada de maio para agosto e depois para outubro devido à pandemia do novo coronavírus, agora foi confirmada pelo Parlamento e deve ocorrer em 18 de outubro - quase um ano depois da eleição original, anulada por suspeita de fraude.
"O dia 18 de outubro é o prazo máximo que o Tribunal Eleitoral tem para organizar as eleições gerais. Esse limite de tempo é de caráter inadiável, imutável e definitivo", afirmou o vice-presidente do Senado, Milton Barón. A presidente interina, Jeanine Añez, favorável à postergação, afirmou que promulgará a medida.
O adiamento tem sido a causa de protestos e fechamentos de estradas nas últimas semanas. Segundo a imprensa local, há mais de 70 pontos de bloqueio nas entradas das cidades, que têm provocado desabastecimento de alimentos, remédios e combustíveis.
Há, entretanto, versões contraditórias sobre o tema. Jeanine afirma que o Movimento ao Socialismo (MAS) - partido de Evo Morales,
Ainda não se sabe, porém, se a nova data estabelecida para as eleições poderá acalmar os ânimos dos bolivianos. O tribunal eleitoral do país tem sugerido que pode desqualificar a candidatura de Arce, devido ao suposto envolvimento do ex-ministro da Economia de Evo em desvios do Fundo Indígena, órgão criado pela gestão anterior para financiar obras em comunidades.

Em cidade do interior, prefeito incentiva uso de dióxido de cloro contra a Covid-19

Enquanto o impasse sobre as eleições permanece, autoridades locais buscam outras soluções para a pandemia. Em Cochabamba, por exemplo, longas filas se formam em farmácias que vendem dióxido de cloro. Não há, entretanto, nenhuma evidência científica que comprove sua eficácia contra o coronavírus.
Em San José de Chiquitos, o próprio prefeito tem feito propaganda da substância, que segundo ele, curou seus familiares. "Tivemos 16 pacientes muito críticos que saíram da UTI por conta do dióxido de cloro. Também reduzimos a letalidade da Covid-19 com essa política", afirmou Germaín Caballero.
Na semana passada, o Parlamento boliviano aprovou o uso do dióxido de cloro, sob prescrição médica, no tratamento do coronavírus. O projeto de lei, entretanto, ainda não foi promulgado pelo Executivo.
Semelhante à água sanitária, o composto químico, que já foi falsamente vendido como "cura milagrosa para o autismo", sequer é considerado um medicamento. Sua ingestão ou administração pelo reto pode causar lesões no intestino, vômito, diarreia, desidratação, insuficiência renal e anemia, entre outros graves problemas de saúde.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, a Bolívia contabiliza 95.071 infecções e 3.827 mortes até esta quinta-feira. Relatos da imprensa local, porém, alertam para uma possível subnotificação de casos, especialmente nessas cidades, em que há mais mortes do que o normal dentro de casas.