Bloomberg chega ao segundo lugar nas pesquisas entre os democratas

Situação embaralha jogo na corrida pelo indicado democrata à Casa Branca

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Fracasso de Biden alavancou candidatura de Bloomberg
A candidatura de Michael Bloomberg à Casa Branca ganhou novos contornos nesta semana e mexeu de vez com o tabuleiro do Partido Democrata. O ex-prefeito de Nova York se qualificou pela primeira vez para participar de um debate, depois que o comando da sigla eliminou um critério que o deixava de fora das discussões.
Até janeiro, os candidatos precisavam ter uma quantidade mínima de doadores individuais para debater com os concorrentes e, como o bilionário financia sua campanha, não preenchia o requisito. No entanto, seu crescimento vigoroso na média das pesquisas nacionais - Bloomberg alcançou nesta terça-feira (18) o segundo lugar, atrás do progressista Bernie Sanders - fez com que o partido mudasse as regras do jogo.
Mais uma controvérsia para o roteiro pouco ortodoxo que começou a ser desenhado em 24 de novembro. Com uma estratégia arriscada e o assumido figurino de bilionário - criticado pela forte ala progressista dos democratas -, Bloomberg anunciou sob ceticismo que iria concorrer à vaga para a eleição contra Donald Trump.
Disse que não participaria das quatro primeiras prévias, em Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul, e que só disputaria a Super Terça, em 3 de março, quando 14 estados realizam suas primárias ao mesmo tempo.
As quatro regiões que inauguram a eleição interna só escolhem 155 dos quase 4 mil delegados que vão nomear o candidato do partido, em julho, mas tinham valor simbólico até este ano. Diante da confusão na contagem de votos em Iowa, no começo de fevereiro, Bloomberg assistiu à formação de sua tempestade perfeita.
O fracasso inicial do ex-vice-presidente Joe Biden - que amargou o quarto e o quinto lugar nas primeiras prévias - abriu espaço entre os moderados para um novo favorito que duelasse com Sanders.

Com US$ 61 bi de fortuna, ex-prefeito de Nova York diz ser o único capaz de derrotar Trump

Enquanto os centristas Pete Buttigieg e Amy Klobuchar tentavam ocupar o vácuo deixado por Biden - até então o mais forte para derrotar Trump -, Bloomberg corria por fora e, longe dos ataques dos adversários, gastava parte de sua fortuna avaliada em US$ 61 bilhões para inundar os EUA com a mensagem de que só ele é capaz de impedir a reeleição do presidente.
Desde o ano passado, Bloomberg pagou mais de US$ 310 milhões em anúncios no rádio e na TV que mostram sua época como prefeito de Nova York, de 2002 a 2013, e exaltam seu ativismo em defesa da política contra armas e contra o aquecimento global. Segundo a NBC News, ele gastou mais de US$ 1 milhão por dia em propaganda patrocinada no Facebook e contratou especialistas em memes para abarrotar as redes sociais contra Trump.
Filho de um imigrante polonês e de uma norte-americana, ambos judeus, Bloomberg nasceu em Massachusetts, formou-se em engenharia elétrica e começou a carreira no banco de investimentos Salomon Brothers. Na década de 1980, usou o cheque de rescisão de US$ 10 milhões que recebeu do banco para fundar a Bloomberg L.P. Aos 78 anos, hoje ele é dono de um dos maiores impérios de tecnologia e mídia do mundo e quer usar também essa expertise para se vender como preparado para unir o partido e gerir o país.
Bloomberg sempre foi democrata até resolver entrar para a política: ele se registrou como republicano em 2001 para disputar a prefeitura de Nova York. Foi eleito e reeleito.
Em 2007, deixou o Partido Republicano, dois anos após a reeleição. Em 2009, elegeu-se novamente, mas desta vez como independente apoiado pelos republicanos. Ele voltou ao Partido Democrata em outubro de 2018.